por Roberto Goldkorn
Nós pessoas modernas, perdemos o fio da meada que nos liga a um universo mítico cheio de significados. Perdemos o contato com os mitos e com a possibilidade de termos esse grande espelho que reflita a nossa existência, para que nós possamos refletir sobre a nossa existência.
A nossa casa, o espaço físico que habitamos é uma dessas imensas fontes de significados que perdemos de vista, mas que nem por isso deixa de emitir as energias de seus vários significados.
A construção e a evolução da moradia foi lenta e se deu paralela (e sincrônica) à evolução do cérebro pessoal e do “cérebro social”. Assim mesmo que ignoremos isso, a nossa casa é um ser de significados, que nos afeta de forma contínua.
Costumo dizer que construimos a nossa morada à nossa imagem e semelhança ou seja à imagem e semelhança de cada estágio de nossa evolução.
As mentes mais “racionais” ignoram essa “antropologia da relação casa/morador” e por isso acabam expressando em seu ceticismo a sua crassa ingnorância- a que chamam de “pragmatismo”.
Mesmo que um dia, num futuro distante, desaparecessem os vestígios da raça humana e só sobrassem os vários estágios de suas habitações, teríamos condições de traçar sua trajetória e recriar exatamente esses seres humanos em seus variados estágios de desenvolvimento.
Um dos lugares mais carregados de significados e, por conseguinte de influências é o nosso quarto de dormir. Isso é bem simples de entender: No quarto de dormir a atividade principal é…dormir. No sono outra estrutura completamente oposta ao da vigília assume o controle. Assim o que vale para um ambiente de vigília não vale para o quarto.
No sono o que se faz é romper com a luz. A luz é fundamental para a nossa vida vigil mas inimiga do nosso mundo de Morfeu. A nossa glândula pineal começa a secretar melatonina (hormônio do sono) assim que os níveis de luz começam a baixar. Mas então o que fazemos? Iluminamos feéricamente a casa e o quarto e, colocamos alí incontáveis estímulos visuais, estímulos à nossa mente intelectual, desafios, excitações, lançando hormônios da excitação que vão lutar contra a melatonina do sono, diminuindo seu efeito. Por isso que se diz que a insônia é uma epidemia moderna.
Quando colocamos luminárias altas ao lado de nossa cabeceira, estamos ameaçando nossa mente com estímulos da vigília, vamos dormir com aquela “ameaça” ao lado sempre pronta a interromper as brumas escuras onde nosso sono nos mergulha.
Livros ao lado da cabeceira, são outro estímulo vigil que podem ser percebidos pelo nosso inconsciente ativo, mais que nunca durante o sono. Há suspeitas de que muitos sonhos perturbadores ou não, podem emergir dos conteúdos de livros lidos na cama ou simplesmente deixados ao lado sobre o criado mudo.
O Dr. Willian C. Dement do Maimonides Veterans Hospital de Nova Iorque, na década de 80, demonstrou de forma científica que nossos sonhos podem ser influenciados por agentes externos; o que Freud já havia descoberto, mas sem o rigor científico exigido pelo stablishment para que qualquer afirmação fosse aceita como verdadeira.
Assim o quarto de dormir pode ser responsável por várias doenças do sono, e por influenciar alguns dos nossos sonhos.
Mas não é só a saúde de nosso sono que o quarto pode afetar. Como a atividade sexual é realizada prioritariamente no quarto, ali também se exercem influências sobre a vida sexual do casal e sobre a saúde dos órgãos sexuais e reprodutores acontecem mais que em qualquer outro lugar da casa.
Minha experiência de quase vinte anos confirma que aparelhos de TV, computadores no quarto e/ou grande quantidade de aparelhos emissores de radiação, podem causar problemas graves no sistema reprodutor tanto masculino quanto feminino (dependendo de algumas variáveis como: susceptibilidade, relação de proximidade com o aparato emissor de radiação, etc).
Essa má influência sobre a sexualidade também está associada a alguns tipos de depressão, fadiga extrema, ou estados oscilantes de melancolia e desânimo.
A pedido de um canal de TV, fiz uma demonstração num quarto cedido pela proprietária a quem desconhecia. O quarto era todo azul, com muitas almofadas azuis, tapetes escuros, quase uma caverna. Após a gravação disse para a repórter: “Esse é o quarto “Lexotan”. A pessoa que dorme aqui vai ter dificuldades para acordar bem disposta e enfrentar o dia; se ainda não está em depressão, terá grandes chances de entrar em curto prazo”. Infelizmente aquela declaração havia sido gravada e… foi ao ar. A dona do “quarto” me telefonou e pediu que fosse fazer-lhe uma visita profissional. A primeira coisa que ela me disse foi: “Você acertou tudo” e mostrou com um sorriso triste nos lábios um vidro de Lexotan!
Os céticos dirão espumando pelo canto dos lábios: É coincidência! Pode até ser, mas vivo essas coincidências repetidamente há vinte anos!
A regrinha para o quarto ideal é: “menos é mais”.
Claro que cada morador deve se “vestir” com uma decoração de quarto. O que se admite num ambiente onde dorme um adolescente do sexo masculino, não se aceita para um casal de meia idade. O quarto de uma pessoa idosa deve ter um tratamento diferente de outro onde dorme um casal recém-casado.
Menos emissores de radiação eletromagnética, iluminação discreta, não ter porta de banheiro abrindo direto dentro do quarto, já seria um bom começo para a saúde do seu sono. Assim você vai poder sonhar mais com os anjos.