por Patricia Gebrim
Tem coisas que a gente leva muito, mas muito tempo mesmo, para aprender. Olhando para trás, muitas vezes penso assim:
– Puxa, eu poderia ter aprendido isso antes!
Precisamos observar com muita atenção as nossas experiências de vida e aprender com elas, se não quisermos continuar criando situações que nos causam dor.
Tem gente que percorre seu caminho de vida com vendas nos olhos, de forma que nunca identificam de onde vem os golpes que recebem. Apenas seguem, esperando que, magicamente, sua "sorte" mude em algum momento e a vida se torne mais doce e amistosa. Não compreendem sua parte na dor que está sendo causada. Agem como vítimas, sem perceber que causam a si mesmos muitos de seus sofrimentos. Não percebem que poderiam evitar muita dor se estivessem mais atentas, fazendo suas escolhas de uma maneira mais consciente.
Abra os olhos, preste atenção. Tente fazer diferente. Assuma a tarefa de conduzir sua própria vida, entenda que sua vida resulta de suas escolhas. Se você tem sofrido, pare de culpar as pessoas ao seu redor e gaste sua energia tentando descobrir onde tem feito escolhas inadequadas e pouco amorosas com você mesmo. Para fazer isso, você precisa resgatar sua autoestima, precisa gostar de você o suficiente para se importar. Algumas pessoas já não se importam.
Se você é uma pessoa forte, por exemplo, se sente poderosa, anda com suas próprias pernas, sabe-se capaz de conquistar o que quer; compreenda que, mesmo assim, você possui vulnerabilidades. Se você as nega e só mostra sua fortaleza ao mundo, nunca existirá ninguém disposto a lhe oferecer um ombro, uma ajuda, uma mão estendida. Isso dói. O aprendizado é integrar a parte que você costuma deixar escondida. Assumir, primeiro para você mesmo, que apesar da sua força, que é real, você não é nenhum super-herói. É gente de carne e osso como todo mundo, e sendo assim precisa também das pessoas. Após se dar conta disso, corra o risco de permitir que as pessoas vejam isso. É a única maneira de contar com um ombro amigo.
Super-heróis nunca recebem ajuda, anote em letras vermelhas!
Perceba que o aprendizado está sempre em gerar um equilíbrio entre polaridades. Olhe para suas características e pergunte a si mesma se estão em equilíbrio.
Outro exemplo seria o de uma pessoa genuinamente generosa. Uma pessoa disposta a ajudar, a abrir espaço para o outro, a ceder, a fazer o melhor para que o outro se sinta bem. Uma qualidade linda. Muitas vezes oferecemos algo a alguém que nada pode nos dar em troca, e isso é amor. Nesses casos apenas damos, sem esperar retribuição alguma.
No entanto, em uma relação, se tudo passa sempre a ser oferecido sem que exista reciprocidade, quando apenas um dá e o outro só recebe, aquele que só recebe vai se tornando mimado, sem nada dar em troca, e em breve o generoso estará sendo explorado. Apesar de tudo oferecer, não será visto, cuidado ou respeitado, pois o outro se acomodou a essa distorcida via de mão única, passando a se portar como uma criança predadora, uma vampira emocional. Isso nunca aconteceria se o generoso estivesse atento, buscando o equilíbrio, a troca sudável. Não se trata de tornar-se avarento ou egoísta, mas apenas de ir oferecendo sua beleza na medida em que o outro a mereça, buscando mais equilíbrio entre dar e receber.
Nem todos merecem nossos tesouros! Compreender isso é amadurecer. É tornar-se amoroso não apenas com o outro, mas também consigo mesmo. Essa é a regra de ouro. Nenhum ato de amor é verdadeiramente amoroso se tivermos que ferir a nós mesmos para executá-lo.
A vida é essa maravilhosa oportunidade de aprendermos essas e tantas outras coisas, tudo o que precisamos fazer é nos tornar observadores, dispostos a interferir em nossa própria vida, buscando torná-la mais saudável e equilibrada. Não delegue essa tarefa a ninguém. Nenhum pai, mãe, terapeuta, professor, líder espiritual ou força divina fará isso por você.
Tire as vendas de seus olhos e envolva-se.
Essa tarefa é sua e apenas sua.