por Lilian Graziano
Dois anos de vida é o tempo acrescido em nossa expectativa de vida, em média, quando temos um propósito. Ter um sentido de vida também diminui o risco de qualquer doença, sobretudo as cardiovasculares, além de promover melhores níveis de saúde mental. Mais resiliência frente às adversidades é um dos benefícios produzidos pelo conhecimento de nosso sentido de vida, dentre outros possíveis – a lista não para de crescer a cada nova pesquisa que surge sobre o tema.
Encontrar o propósito, no entanto, é tarefa árdua para alguns, embora perfeitamente possível no curso de qualquer jornada. Tal dificuldade não ocorre à toa, pois algumas confusões conceituais podem atrapalhar substancialmente essa busca. Em primeiro lugar vale dizer que não se trata de algo circunstancial e que dependa de fatores externos para existir – o propósito é algo intrínseco em nós, parte de nossa identidade e é o que fazemos através dele o que define o impacto de nossa existência no mundo.
Um erro frequente é achar que o propósito de vida é uma vocação profissional ou habilidade, embora não seja incomum encontrá-lo em algum ofício. No entanto, um propósito é mais como um chamado – por exemplo, como uma forte motivação para influenciar pessoas (que requer um conjunto de habilidades e pode acontecer no curso de atividades profissionais diversas). Ouvir esse chamado é algo que nos encaminha à plenitude existencial, que nos proporciona uma enorme gratificação e, certamente, o que definirá nossa “pegada” neste planeta.
No âmbito da Psicologia Positiva, saber quais são as nossas forças pessoais, as virtudes regentes de nosso comportamento e como estas se evidenciam em nosso cotidiano é algo que traz pistas certeiras para descobrirmos o nosso propósito. Também devemos nos perguntar: qual é o legado que queremos deixar para o mundo? Pelo que nós gostaríamos de ser lembrados quando partirmos? O que eu entrego de melhor para o mundo e que torna meus dias mais felizes?
Um exercício eficaz, aplicado em processos de coaching é a reflexão a respeito de nossa missão, nossa visão de mundo e nossos valores. Nossa missão de vida vai ao encontro de nosso propósito. Escrevê-la em um papel ou lousa, além de nos empenharmos em um descritivo preciso de nossa visão de mundo e nossos valores, pode nos fazer ressignificar e/ou consolidar diversos conceitos que temos de nós mesmos e sobre o legado que queremos construir.
Todo esforço nesse sentido é bem-vindo, como já demonstrado no início deste artigo. Além dos benefícios enumerados e do fato de serem crescentes as pesquisas a respeito, cabe ressaltar que ter claro o nosso propósito de vida geralmente nos conecta a pessoas com propósitos semelhantes, torna possíveis “redes do bem”, contribui para fazer valer a máxima de que juntos somos mais fortes e podemos promover mudanças. Com um propósito claro, você também pode ser a mudança que deseja ver no mundo*.
* pensamento atribuído ao ativista Mahatma Ghandi