por Flávio Gikovate
Como tenho reiterado nesta coluna, fica evidente a tese essencial de que a vaidade se apresenta em nossa cultura como um vício.
Nada satisfaz completamente a pessoa que busca chamar a atenção cada vez mais.
Aqueles que se destacam pelo fruto do trabalho, poderão ficar viciados na ostentação de suas riquezas especiais ou no próprio ato de trabalhar; especialmente se são muito prestigiados durante essa atividade, tornando-se assim workaholics.
Outros se viciam na acumulação do dinheiro propriamente dito e às vezes são até muito discretos nas manifestações exteriores, talvez por que se sintam mal ao despertar inveja; vivem o prazer íntimo de terem conseguido tanto e são muito apegados ao próprio dinheiro.
No entanto, todos se viciam e perdem a relação lógica (intrínseca) ao trabalho. Ou seja, a de que essa atividade racional tem por objetivo claro e definido nos levar a obter o necessário à sobrevivência. Assim o trabalho passa a sofrer influência de emoções que alteram a singeleza e a objetividade de seu curso.
Desse modo, a busca por destaque poderá nos levar a importantes e irrecuperáveis desvios de rota. Uma pessoa poderá, por exemplo, renunciar o sonho de uma carreira que lhe entusiasma, mas que não é bem vista socialmente e não traz a devida recompensa material (professor, músico de orquestra … ) e ir em busca de uma carreira menos gratificante emocionalmente, mas que permita o destaque social ansiado.