Quem vai chegar primeiro na reta final? Os corredores que carregam as inovações e a criatividade salvadora, ou os que carregam e disseminam as podres sementes da destruição?
O olhar atento e desapaixonado à nossa volta detecta entre os muitos atores da cena global, esses dois grandes titãs em ação: aquela pequena elite de gente que dedica sua existência a criar soluções para combater as ameaças à nossa sobrevivência, e o grande contingente que ou não está nem aí ou trabalha obstinadamente para acelerar a derrocada da humanidade.
De um lado os que devoram de forma insaciável e criminosa as florestas e os habitats de milhares de espécies companheiras, de outro os que reflorestam, recuperam áreas degradadas, vivificam nascentes, já moribundas, e trazem um sopro de esperança e vida.
De um lado da pista decola um superbombardeiro com mil toneladas de bombas, de outro decola um cargueiro carregado de medicamentos, comida, e suprimentos para os bombardeados.
De um lado um grupo de cientistas trancados num laboratório desenvolvendo uma vacina contra a dengue, um remédio eficaz contra o câncer e o Alzheimer. De outro um grupo de criminosos trancados num laboratório desenvolvendo explosivos com maior poder de destruição, que espalhe a morte e a dor da forma mais eficaz possível.
No meio desses poucos competidores, a humanidade flutua como garrafas pet que sobem e descem ao sabor das ondas.
De um lado temos uma menina pobre de dezenove anos que vai para a sua terceira gravidez, cada uma de pai diferente. Do outro lado, meninas de classe média que vão esperar depois dos trinta anos, depois do mestrado ou do doutorado para pensar em ter seu primeiro e único filho. E um abismo sem fundo se cava a cada dia entre elas.
De um lado os haters proliferando como ratos realimentando-se de sua própria profunda infelicidade e prontos para espalhar seu veneno – confortáveis em sua missão destruidora. De outro… bem do outro lado uma multidão de apressados e sobreviventes, correm sem tempo para nada, apenas querendo chegar ao fim do corredor polonês a salvo. Não existem contingentes de lovers militantes que se oponham aos haters; apenas existem os não haters e isso é pouco.
Quem vai ganhar essa corrida?
Depende das lentes que você está usando. Depende de suas afinidades, depende do seu grau de ignorância ou de sua índole ou até de seu carma.
A gente sabe por experiência que tacar fogo numa floresta é mais rápido e simples que apagá-lo. Demolir um prédio é bem mais rápido e simples que construí-lo. A gente sabe que dar um tiro em alguém é mais rápido e simples que uma cirurgia para retirar o projétil e salvar o sujeito. Assim, as forças do Armagedon, tem a vantagem da simplicidade, e da velocidade a seu favor. Por outro lado, o instinto de Vida – Eros, é poderoso e primordial no seu humano – isso representa um alento, uma oposição natural, que nem precisa de prática nem de habilidade para ser construída em oposição às forças de Thanatos: a Morte.
Esse é um bom combate, essa é a corrida maluca que estamos participando, assistindo. A cada dia os grãozinhos da ampulheta caem nos avisando que o tempo está passando rápido para ambos os corredores.
Os sinais do estrago que o lado sombrio causa são mais espalhafatosos, ganham as manchetes aproveitando-se de nosso masoquismo/catastrofismo. Isso deixa os mais sensíveis ou mais impressionáveis com a sensação de derrota iminente. Muitos se desesperam e enxergam o apocalipse na esquina. Outros desistem de lutar e sonham em descobrir um buraco seguro para apenas sobreviverem. Infelizmente isso é sim um grande problema adicional: muitos dos males humanos como drogas, depressão, suicídio, loucura, são secretamente motivados por essa percepção apocalíptica, porém sem a consciência dela.
Tenho visto pessoas afundando no desespero e nas compulsões, sem a consciência de que seu problema é a tempestade perfeita que se arma a cada dia. Mesmo os mais alienados, mesmo aqueles que aparentemente não estão nem aí para as manifestações da Doença da civilização acabam sendo afetadas por ela ou pelas notícias dela.
Não podemos esquecer que a doença seja individual ou coletiva gera uma energia. Vou mais além, os fatos que chegam ao nosso conhecimento geram uma energia, mas as próprias notícias, as versões, as interpretações, as replicações também geram outros tipos de energia e quanto pior o fato, quanto mais dramatizada for a divulgação, mais invasiva e daninha será a energia emanada.
Agora, quase todos nós estamos sujeitos a esse bombardeio constante, felizmente nem todos adoecemos atingidos por essas chuvas venenosas. E qual é o segredo para não ser vitimizada por tabela? Como podemos nos proteger dos rompimentos das barragens, das mortes de crianças refugiadas ou dos vídeos de adolescentes espancados?
Precisamos nos conectar com o outro lado, lembram? O lado que corre para construir, consertar, criar soluções, salvar, conectar os bons, fazer avançar a boa ciência etc.
Reparem numa coisa: Os Médicos Sem Fronteiras não ficam deprimidos! Sabem por quê? Porque estão mobilizados na sua corrida pela vida. Veja outro exemplo: O Dalai Lama, o danado nem gripe pega! Nem poderia, seu corpo e sua mente (sem falar de sua alma) está cem por cento comprometido com a sua corrida pela paz, pela consciência, pelo resgate da saúde física e mental do “povo”.
Ficar imune à energia da destruição e a sua divulgação, é bem complicado, mas podemos nos ligar nos corredores do Bem, valorizar e potencializar as notícias da vacina contra a dengue. É uma questão de ajustar nossos controles e sintonizar na frequência da Vida ao invés do contrário. Ah Roberto falar é fácil, mas colocar em prática diariamente é muito mais difícil.
Claro que sim, mas da mesma forma que se consegue a reeducação alimentar, podemos conseguir a reeducação da nossa sintonia. Acima disso, não devemos esquecer nunca que a luta não foi perdida. Não entreguem os pontos; se conectem aos lutadores pela Vida.