por Roberto Shinyashiki

Há um tempo conheci um sujeito que queria que o filho fosse jogador de futebol, mas o garoto via o esporte apenas como um passatempo.

Ele jogava muito bem, mas gostava apenas de jogar e não "da chatice de treinar".

Mas a pressão do pai era tão grande que o garoto nunca podia jogar só por diversão. Ele tinha preparador físico, treinador individual e nutricionista particulares. Desde os oito anos de idade, era corrigido a cada jogada errada e o pai brigava com o técnico quando esse deixava seu filho no banco de reservas.

Resultado: o garoto vivia chateado quando jogava bola e quando fez 16 anos abandonou o esporte, depois de uma briga pesada com o pai.

A obsessão de querer decidir a carreira do filho criou infelicidade para ele e para o garoto durante muitos anos.

Tem pais que fazem planos de vida para seus filhos de dois ou três anos. Na cabeça deles já têm tudo planejado: qual carreira o filho vai ter, onde vai fazer a faculdade, qual será seu hobby, e até como vai ser o casamento do filho!

Pior é que, para tentar encaixar os filhos dentro desse plano, acabam destruindo as vocações deles ou criando neles uma angústia em período integral.

É como o pai que quer que a filha seja médica, mas ela quer ser bailarina. O resultado disso vai ser uma médica frustrada porque não se formou no que quis, ou um distanciamento afetivo, porque a filha vai ficar longe do pai para poder seguir seu coração.

Querer controlar tudo ao seu redor é o caminho mais rápido para a angústia.

Os controladores são pessoas que vivem querendo dar opinião sobre tudo, querem ajudar os outros o tempo todo, falam a toda hora o que o outro deveria fazer e acabam transformando a vida deles e de todo mundo em um inferno.

É preciso controlar só o que é importante. Se o empresário ficar controlando o gasto com lâmpadas e papel higiênico, ele não vai deixar as pessoas fazerem o trabalho delas e principalmente ele mesmo não vai fazer seu trabalho de estratégia e liderança.

Existe aquele ditado que diz que o boi cresce com o olhar do dono. É verdade! Mas se você quiser ter sucesso de verdade, não dá para você mesmo controlar toda uma boiada.

Vai precisar de pessoas competentes, confiar, saber delegar e deixar a turma trabalhar para fazer uma grande boiada crescer.

Quem quer controlar tudo para que as coisas aconteçam do seu jeito acaba destruindo sua felicidade e a felicidade de quem ama.