por Rosemeire Zago
"E como o mesmo influencia na vida a dois e na vida adulta?"
Resposta: Complexo de Édipo é uma expressão introduzida por Sigmund Freud para indicar a atração erótica do filho para com a mãe, com sentimentos de ciúme e rivalidade com o pai. Tem origem na tragédia grega, de Sófocles, que narra a história do filho Édipo, que matou o pai (desconhecendo sua verdadeira identidade) e casou-se com a mãe. Freud acreditava que todo menino revive esse drama interno, vendo a mãe como rival.
Quando o complexo não é devidamente superado, costuma levar o homem a uma série de conflitos emocionais. Pode por exemplo, ter atitude hostil para com figuras masculinas de autoridade, simbolizando estas a figura paterna, caso o pai tenha essa característica. Pode também, ao contrário, tornar-se medroso, temendo uma figura de autoridade, que inconscientemente representa seu pai.
No amor, pode ser insatisfeito, buscando constantemente o verdadeiro amor, jamais o encontrando, como se procurasse sempre pela mãe. Pode ter um ciúme exagerado para com sua parceira, temendo perdê-la, como sente que perdeu a mãe. É preciso entender que todo esse processo acontece inconscientemente. Ou seja, a própria pessoa não tem consciência do que ocorre, a não ser que faça uma psicoterapia ou análise.
Atualmente a concepção desse complexo sofreu algumas revisões, não apenas dos psicanalistas – profissionais que seguem a teoria de Freud – como também por outros especialistas. Freud e Jung divergem quanto a essa expressão.
Na psicologia analítica de Jung a expressão tem como equivalente “complexo de incesto”. Jung ainda diz: “Freud está procurando os complexos, eu não. Aí está a diferença central. Procuro saber o que o inconsciente está fazendo com os complexos, porque isso me interessa muito mais do que o fato de as pessoas terem complexos.”
Para Jung o termo Complexo indica uma estrutura psíquica dotada de forte carga afetiva e que todos nós temos. Isso quer dizer, que uma simples palavra ou gesto, pode atingir uma ferida e trazer à tona um complexo, ou seja, algo com muito afeto, e “todo afeto nos afeta.” O complexo pode ser ativado automaticamente pela impulsividade e imediatismo, portanto, pela falta de reflexão.
Há também o Complexo de Eletra, que é a forma feminina do complexo de Édipo, de acordo com a denominação proposta por Jung, onde a filha desenvolve inclinação pelo pai, com ciúme contra a mãe.
Da mesma forma, gostaria de saber sobre o Complexo de Cinderela
Resposta: Complexo de Cinderela é a ambivalência entre a independência e a necessidade de ser amada. É como se as duas necessidades não pudessem existir, surgindo o conflito entre uma e outra. É a dependência emocional, ou seja, o desejo inconsciente de obter cuidados de outra pessoa (necessidade de dependência) e o medo da independência, de ficar sozinha.
Complexo de Cinderela é um conjunto de desejos reprimidos, memórias e atitudes distorcidas que se iniciam na infância, na crença da menina de que sempre haverá uma outra pessoa mais forte para protegê-la. Fomos criadas para depender de um homem e ficarmos apavoradas sem ele. Esta crença vai se solidificando, formando raízes, mantendo na mulher adulta um sentimento de incapacidade e inferioridade, que dificulta a consciência de suas mais profundas necessidades e desejos, pois inconscientemente os sabota e assim, permanece dependente.
Ao mesmo tempo em que desejamos nos libertarmos, também desejamos a salvação. Como Cinderela, as mulheres ainda esperam por algo ou alguém externo, que venha transformar suas vidas, ou seja, que venha salvá-las, como se fossem incapazes de salvar a si mesmas. O conflito existe entre o profundo desejo de ser protegida e cuidada, e sua necessidade em ter sua liberdade conquistada. Por exemplo, mulheres que desejam o divórcio, mas não têm coragem de pedi-lo. E muitas ignoram o que sentem e desejam, apesar dos sinais de sofrimento por conflitos internos profundos, mantendo a dependência, ainda que sofram por isso.
Pelo medo de enfrentar o fato de ser capaz de sustentar-se sozinha, não percebe que o comodismo é tudo, menos sinal de dignidade, impedindo assim seu próprio crescimento. É como se estivesse sempre duvidando de si mesma.
Mesmo com toda a mudança que vem ocorrendo ao longo dos anos, muitas mulheres continuam a desperdiçar seus talentos e potenciais, mantendo-se dependentes de alguém. Romper com uma estrutura de anos, reavaliar crenças, nem sempre é fácil para algumas mulheres. Apesar da mulher ter conquistado muitos espaços, algumas ainda se sentem sobrecarregadas, ou mesmo exploradas com tantas responsabilidades em suas costas, mas nada fazem para mudar.
O mais indicado é confrontar com a verdade, ou seja, identificar os sentimentos, encarar o conflito e assim, reconhecer o desejo de ser protegida e cuidada, mas reconhecendo ainda mais sua força e consciência do que é realmente capaz de realizar. Mesmo as mulheres que dizem sentir-se bem cuidando de si mesma, justificando que não precisam de ninguém, podem apenas estar mascarando seus mais profundos sentimentos. Afinal, quem não deseja que alguém cuide de nós? Quem não deseja colo? Ou seja, todas nós somos um pouco Cinderela. Mas nem por isso devemos permitir abrir mão de nossos sonhos, por mais esquecidos que estejam.
Se quiser saber mais, leia o livro: Complexo de Cinderela, Colette Dowling, Ed. Melhoramentos