por Rosemeire Zago
Quando não nos conhecemos não sabemos o que queremos em nosso íntimo porque não conseguimos nos ouvir. Acabamos assim, ouvindo os outros e fazer o que eles desejam, gerando cada vez mais uma insatisfação interna que nem sempre conseguimos identificar facilmente sua origem, até que somatizamos e adoecemos. A principio a depressão pode se instalar, como se fosse um grito de nossa alma que implora para que olhemos um pouco mais para dentro de nós mesmos, sem medos e receios. Por que não escutar um pouco sua voz interior, tão sábia? Ouvir a própria intuição pode significar conseguir a resposta para vários de seus dilemas. Estamos nas nossas próprias mãos e por que insistimos em nos colocar nas mãos dos outros? Muitas vezes por falta de consciência dos próprios valores, ou seja, falta de autoconhecimento.
Como podemos nos conhecer? Autoconhecimento envolve: o desejo sincero de se conhecer, estando dispostos a identificar os aspectos positivos tanto quanto os negativos. E esse é um dos motivos de muitas pessoas temerem se conhecerem: medo do que podem encontrar dentro de si. Não é possível se conhecer sem identificar as máscaras que todos nós usamos. Você pode dizer: eu não tenho máscaras! E eu digo: todos nós temos, desde muito pequenos, pois é um processo que acontece independente de nossa vontade, é inconsciente.
As máscaras começam a se formar quando começamos a desenvolver os mecanismos de defesa, por volta dos seis, sete anos. E só com o passar dos anos, quando começamos a refletir, olhar para dentro de nós mesmos, é que conseguimos perceber o quanto nos distanciamos de quem somos realmente. E esse trabalho de volta a nossa essência, ao nosso eu verdadeiro, ao self, ao si-mesmo, como Jung chama e que contém tanto o consciente quanto o inconsciente, e cujo encontro só é possível através do processo da análise ou psicoterapia.
Como saber quem você é, se não consegue sequer identificar os sentimentos que estão dentro de si? E como ser quem você é realmente se ignora partes de si mesmo? Para saber quem é você, ou melhor, para começar a se conhecer, pois requer um constante exercício, processo que deve durar toda nossa vida, poderá se perguntar: O que sinto? Penso? Desejo? Quais são meus valores? Não, não é nada fácil identificar nossos verdadeiros valores, pois eles geralmente estão contaminados pelas crenças que sempre acreditamos como nossas, e só conseguimos realmente identificar o que é nosso do que não é com um profundo desejo de reconhecimento. Você pode também se perguntar:
Com quem de minha família me pareço mais? Por quê?
Quem me incomoda mais? Por quê?
Que acontecimentos ou experiências anteriores dão ou deram a maior alegria? E maior tristeza?
O que mais gosto em mim?
Há algo em mim que gostaria de mudar? Caso sim, o quê?
O que ou quem me impede de realizar essa ou outras mudanças?
Se quiser, também poderá fazer uma linha do tempo, onde irá colocar por data, ano, idade, ou como identificar melhor os acontecimentos que mais marcaram sua vida, sejam eles positivos ou negativos. Por exemplo:
______ 1975 – primeiro dia escola/5 anos
______ 1980 – nascimento irmão/10 anos
______1985 – falecimento avó materna/15 anos
______ 1987 – formatura/17 anos
E assim por diante. Pode ainda fazer cada tido de acontecimento com uma cor, como perdas em vermelho, alegrias em azul, decepções em verde etc. No final, terá um gráfico de sua vida com fácil visualização. Esse exercício pode levar algum tempo, não queira fazer isso correndo, nem num dia só. Procure fazer aos poucos, pois ao começar seu inconsciente irá aos poucos liberando lembranças até o momento reprimidas e que poderão ser acrescentadas aos poucos.
Tudo isso são sugestões. Porém, vale lembrar que nenhum desses exercícios irá substituir o acompanhamento com um profissional que facilite o trabalho de autoconhecimento, proporcionando uma ampliação da consciência. Mas comece por si mesmo, você é capaz! Comece com pequenas reflexões diárias sobre seus comportamentos, sentimentos, valores, crenças, tudo aquilo que possa te auxiliar nesse rico processo de crescimento e evolução.