por Elisa Kozasa
Ontem tive a oportunidade especial de estar com Alan Wallace, um físico que foi por 14 anos um monge ordenado pelo Dalai Lama e que após este período de vida monástica, fez um doutorado em Estudos Religiosos na Universidade de Stanford, foi professor da Universidade da Califórnia e fundou e preside seu próprio instituto de pesquisas, o Santa Barbara Institute for Conciousness Studies.
Um de seus autores prediletos é Willian James, psicólogo americano, que dentre várias frases conhecidas disse: “A realidade está onde você coloca sua atenção”.
Desta maneira, nossa realidade depende de como focamos nossa atenção, no que focamos nossa atenção, e no que queremos focar nossa atenção. Aquilo que observamos é aquilo que entendemos como real, concreto e existente. Nesta perspectiva, pode ser que quando não conseguimos compreender o mundo das outras pessoas, seja porque simplesmente o foco da atenção delas é outro e portanto, elas vivem uma outra realidade.
E se tivermos uma postura de nos prendermos a pequenos mundos tentando reinar em cada um deles, será difícil conseguir uma integração com as outras pessoas e uma compreensão mútua.
Por exemplo, percebi nesta mesma semana um fato que no cotidiano é bastante comum:
Tratava-se de uma secretária que tem o hábito de monopolizar o computador em seu trabalho, travando-o até na hora do almoço, por questões de segurança, pois importantes informações do escritório estão ali. Uma das colegas, que desconhece a existência dessas valiosas e sigilosas informações, começou a criticar o fato de o computador ficar travado no horário de almoço, pois queria utilizá-lo.
A realidade que cada uma delas vive, portanto, é diferente: uma se sente absolutamente certa e responsável de travar o computador para o acesso de outras pessoas. A outra colega se acha prejudicada, pois desconhece a existência dessas informações e gostaria de aproveitar a hora do almoço para fazer consultas na internet.
Em situações como a descrita acima, e que são muito comuns, bastava a boa vontade em perguntar para melhor compreender e ampliar a visão da realidade. Um simples diálogo teria terminado com uma situação de mal-estar no ambiente de trabalho.
Ter a intenção de ampliar nossa visão de mundo e portanto nossa realidade, procurando não apenas viajar e conhecer culturas distantes, o que sem dúvida nenhuma é bastante enriquecedor, mas principalmente procurando conhecer os mundos das pessoas que nos rodeiam, pode nos tornar pessoas mais sábias.
Dicas de leitura
B. Alan Wallace. Dimensões Escondidas: a unificação de física e consciência. Editora Peirópolis, São Paulo, 2009.