Por Aurea Caetano
Gostaria de discutir aqui alguns dados importantes acerca das assim chamadas “doenças mentais”. As questões sobre os custos com esse tipo especial de doença têm sido discutidas de forma ampla em fóruns econômicos globais.
Esses custos têm aumentado no mundo todo e de forma mais intensa nos últimos anos. O governo americano estima que, em 2013, quarenta e quatro milhões de americanos, em uma população de cerca de 325 milhões, tenham sofrido de algum tipo de doença mental sendo a ansiedade e a depressão as mais comuns.
Os custos diretos e indiretos com esse tipo de doença vêm aumentando consideravelmente e esboçam um gasto de mais de dezesseis trilhões de dólares, entre 2011 e 2030, tanto com o tratamento quanto com a saída do mercado de trabalho de pessoas com algum tipo de doença mental. Esse custo já é maior do que o montante gasto com pessoas com câncer, diabetes ou problemas cardíacos. Este assunto é tão importante que foi tema de discussão nos últimos Fóruns Econômicos que acontecem anualmente na cidade de Davos, na Suíça.
Em maio de 2013, 194 ministros da saúde adotaram o Plano de Ação para Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde, reconhecendo a saúde mental como prioridade para a saúde global e se comprometendo com algum tipo de ação no sentido de cuidar dessa questão.
Além de discutida no já citado Fórum Econômico, o problema da saúde mental foi amplamente discutido na Cúpula Mundial de Inovação para a Saúde (World Innovation Summit for Health ou WISH) no Qatar em 2013. Estima-se que em 2010, cerca de 10% da população mundial sofria de algum tipo de doença mental, o que torna este um assunto de importância geral.
Brasil
No Brasil, em um estudo cujo objetivo foi analisar a evolução do gasto federal com o Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde (PSM), percebeu-se que esse gasto cresceu 51,3% de 2001 a 2009. Esse estudo mostra, no entanto, que apenas 2,5 a 5% dos recursos destinados a saúde são designados à saúde mental.
Um estudo coordenado pela OMS e publicado em abril de 2016 estima, pela primeira vez, os benefícios de investir em tratamentos para as formas mais comuns de doença mental, a nível global tanto para a saúde, como para a economia. Esse estudo mostra que para cada euro investido no tratamento da depressão e da ansiedade retorna em quatro para a saúde e capacidade de trabalho. Este é um dado fundamental para corroborar a necessidade de tratamento adequado desse tipo de enfermidade. O custo anual das doenças mentais no mundo, foi avaliado em 870 mil milhões de euros.
Estas são questões essenciais quando se discute o que é que fazemos, nós psicoterapeutas, em nosso trabalho cotidiano. Acima de tudo temos como objetivo dar conta de algum tipo de sofrimento, ajudar a pessoa que nos procura em seu caminho de transformação em direção a uma melhora em sua condição geral. E aqui também se coloca uma outra questão fundamental: o que é que faz com que uma psicoterapia seja efetiva?