por Rosemeire Zago
"Sempre me senti triste com meus pais. Eles sempre diziam que gostavam mais do meu irmão do que de mim. Sempre me deixariam em segundo lugar. Isso já faz um tempo, mas não consigo esquecer. Pode ser por este motivo que eu tenha tanta dificuldade para amar?"
Resposta: A comparação para a criança deixa muitas sequelas, pois ela é entendida como rejeição: “o outro é sempre melhor…” Quem não se lembra de ter sido comparado ao irmão, vizinho, primo? Sempre se referindo a eles como crianças que faziam tudo certo e não davam trabalho, deixando a nítida sensação para quem ouvia que fazia tudo “errado” e, lamentavelmente, crescemos acreditando nisso.
Inconsciente é atemporal
Você escreve que isso faz muito tempo e não esquece, e é assim mesmo… não esquecemos o que nos fere profundamente. Isso ocorre porque tudo fica registrado em nosso inconsciente e este é atemporal, ou seja, ele não diferencia passado, presente e futuro. Por isso a psicoterapia é fundamental, para que você possa lamentar e elaborar o que lhe aconteceu.
"Ouça" a emoção e entenda com a razão
Outro fator importante é ouvir sua emoção, no caso ficar triste pelo que ouviu e sentiu, e também entender com a razão. Ou seja, que seus pais deram aquilo que lhes foi possível, ou seja, procurar saber como foi a infância deles, isso poderá mostrar o quanto eles devem ter se superado para dar o que deram. Mas o fato deles terem dito isso, não o faz ser “errado” em sua totalidade como pessoa.
A dificuldade em amar pode ser consequência disso sim; como se em seu inconsciente tivesse ficado registrado que qualquer outra pessoa será melhor que você. Isso poderá gerar muita insegurança nas relações afetivas, ou ainda fazer com que não se sinta digno de receber amor.