Relacionamento abusivo deixa sequelas

Libertar-se dessas sequelas envolve um cuidadoso processo de reconstrução emocional e é preciso se permitir curar essas dores

Chegar ao fim de um relacionamento disfuncional, abusivo e tóxico é um processo doído, difícil e árduo. E por ser tóxico, deixa sequelas e traumas significativos na autoestima da mulher ou do homem acarretando em emoções abaladas e disfuncionais.

Continua após publicidade

A mulher ou o homem sai dessa relação tão machucada/o que parece não ver mais uma luz no fim do túnel. Ou seja, saem desacreditados de viver, futuramente, uma nova relação e dessa vez saudável, prazerosa e construtiva. É assim que eles chegam ao meu consultório: quebrados emocionalmente, desacreditados no amor e com uma autoimagem destruída.

Quando não tratados corretamente, eles repetem esse ciclo abusivo em outras relações e, muitas vezes, retornam depois de várias relações tóxicas já vividas.

É fundamental a procura por ajuda psicológica numa situação dessa. Assim, é necessário fazer essas pessoas perceberem que precisam sair dessa condição de refém que ficaram por um tempo, para que o cérebro não fique acionando sabotagens contra a sua própria felicidade. É talvez o grande insight para despertar a cura interior. E assim começa uma reconstrução emocional.

Qual é o primeiro passo?

O primeiro passo é construir um processo de compreensão e uma aceitação de que vivenciou uma relação abusiva, pois esse deve ser o primeiro passo para a cura dessa ferida. Muitas mulheres e homens negam a existência de ter vivido uma relação tóxica, por vergonha do que se “permitiram” passar e por se sentirem bobos ou ingênuos. Isso prejudica o processo de libertação deles. Nessa fase, é importante a aceitação, pois ajudará na busca pela ressignificação do que vem a ser um relacionamento futuro, impedindo, assim, que o ciclo se repita.

Continua após publicidade

Depois da aceitação, é preciso trabalhar a consciência de que todo término de uma relação é uma morte. Ou seja, um luto vivido e que existirão fases do processamento emocional para serem enfrentadas e elaboradas. Respeitar o próprio tempo do luto aqui é fundamental. Pois cada pessoa tem o seu tempo de permissão para a dor permanecer e curar-se. Mas se ajude, lembrando que toda experiência vivida gera aprendizado e, consequentemente, maturidade emocional.

Assim, facilite para o seu cérebro reagindo com exercícios de autocuidados e buscando conviver com pessoas que possam lhe ajudar a superar os traumas vividos.

Lembre-se que é possível resgatar a fé no amor e poder viver verdadeiramente uma relação saudável se você permitir se curar das suas próprias dores.

Continua após publicidade

Psicóloga Clínica Cognitivo-Comportamental; Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde - UFP - Universidade Fernando Pessoa em Portugal. Defendeu a sua dissertação com excelência e nota máxima sobre: “A interferência das redes sociais nos relacionamentos”. Especialista em Psicologia da Saúde, Desenvolvimento e Hospitalização – UFRN; Especialista pela Faculdade de Medicina do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP – SP. Foi professora da Pós-graduação em Psicologia – Terapia Cognitivo-Comportamental (Unipê). Há 20 anos atendendo na clínica a adolescentes, adultos, casais e famílias. Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas - FBTC. Mantém o Blog próprio desde 2008. Mais informações: www.karinasimoes.com.br. Atendimentos com consultas presenciais ou online