Por Arlete Gavranic
Todos nos buscamos afetos, relacionamentos que nos tragam carinho, despertem sensualidade, tesão… E outros que alimentem uma sensação de amizade/parceria, ajudem a autoestima e a autoconfiança a cresce, ou só uma alegria de momento.
Vivemos uma fase muito ‘fast-food’ nas relações, parece que as gerações mais jovens estão sempre com pressa, não investem muito em paquerar, conhecer, criar intimidade para deixar os relacionamentos acontecerem.
Muitas pessoas já se conhecem pela intimidade, outras passam rapidamente da fase de conhecer (às vezes virtualmente) para intimidades maiores, mas o conflito que mais observo na maioria diz respeito àquelas que buscam relacionamentos mais prolongados ou mais ‘profundos’.
Não há nenhum problema em querer relacionamentos passageiros, mas a questão é a dificuldade que muitas pessoas vivem em estabelecer relacionamentos que tenham ‘cara’ de compromisso.
Muitas pessoas olham com receio para compromissos, têm medo de perde a liberdade. Esses medos em geral acontecem por experiências anteriores de relacionamentos pessoais ou de modelos familiares.
Relacionamentos estáveis podem trazer muitos benefícios à vida das pessoas. A sensação de parceria traz a possibilidade de estabilidade emocional, a possibilidade de sonhar ou planejar juntos traz confiança e até alimenta o desejo de fazer conquistas e empreender!
Essa cumplicidade traz sensações boas tanto emocionalmente como também na organização social da vida; poder contar com o outro, não viver a solidão. Mas eu não estou falando de um relacionamento de viver grudado sem ter direito à individualidade, ter seus momentos com sua família, com amigos, com seu hobby, são vivências que não podem se perder.
E quais seriam os medos ou as características que geram negativismo na ideia de relacionamento?
Normalmente o medo de perder a individualidade está em primeiro plano nesses conflitos. Alguns têm esse medo, pois gostam ou se acostumaram a viver múltiplos relacionamentos e têm receio que a parceria não aceite essa variação ou multiplicidade de parceiros. E alguns nem aceitam também que a outra parte tenha essa mesma liberdade.
Esse mesmo medo é traduzido por alguns pelo medo da traição. Para alguns a traição sexual é ruim, mas pode ser entendida, mas quando se fala em envolvimento afetivo/sexual, essa traição ganha um diversificado espectro de nuances, pois mexe com sentimento de rejeição ao afeto vivido naquele relacionamento. E quando falamos em sentimento de rejeição afetiva, vamos desenterrar rejeições infantis muito sensibilizadoras que podem interferir bastante nos relacionamentos adultos.
Outro conflito bastante comum se refere ao medo anterior e diz respeito à atitude de possessividade. O receio de lidar com alguém que queira comandar o relacionamento, satisfazer só as suas vontades: só sair com seus amigos ou familiares, só fazer programas que agradem a si sem levar em conta ou valorizar os gostos do outro. Ou então ser negativo: criticar tudo que o outro faz, criticar amizades, trabalho, opiniões… A possessividade não assusta só pelo aprisionamento, mas principalmente pela sensação de desrespeito aos prazeres do outro.
Dependência financeira
A dependência financeira também assusta bastante o estabelecimento de novos compromissos. A ideia de ter um adulto dependente assusta, e se for alguém que tenha atitudes pouco econômicas ou pouco cooperativas assusta mais ainda.
Aliás, esse é um dos motivos que geram grandes conflitos entre casais quando ambos trabalham: como fazer a administração financeira quando vivem juntos? Sempre recebo casais com conflitos:
Devemos ter caixa único?
Rachamos as despesas domésticas: na metade ou na proporcionalidade do salário de cada um?
E o que sobra, cada um administra sua vida financeira?
Tiramos uma cota pessoal para cada um gastar com gostos pessoais e investimos o restante para viagens e aquisições do casal?
Muitos são os conflitos que podem incomodar e dar aquela imagem pesada ou limitadora aos relacionamentos.
Mas é importante frisar que relacionamento é a junção da história de duas pessoas, das neuroses adquiridas pela vida e da vontade de duas pessoas em fazer um relacionamento dar certo, em todas as áreas da vida: afetiva, sexual, familiar, social, cultural, profissional. Afinal, somos a somatória de todos esses ingredientes, se bem equilibrados, dão à vida um colorido, um sabor ou uma melodia muito gostosa!