por Anette Lewin
“Meu marido é muito comunicativo, sorridente e ele fala com todo mundo. Ele trabalha em uma escola e tem mais contatos com meninas. Ele tá mais focado no trabalho do que na família e, durante meu resguardo, fiquei muito enciumada, pois ele passa o dia todo falando desse trabalho. Não aguento mais os pensamentos persistentes e negativos. Eu brigo muito e isso tá prejudicando o nosso relacionamento!”
Resposta: O nascimento e os primeiros cuidados com um bebê certamente provocam sentimentos diferentes nas mães e nos pais.
Chegada do bebê afeta o comportamento entre os parceiros
À mãe, cabe a função biológica da amamentação que acaba se estendendo aos cuidados gerais com o recém-nascido. Ao pai, com relação à criança, acaba restando muito pouco nessa fase. Ele é, no máximo, um ajudante que corre para a farmácia quando as fraldas estão acabando. Alguns até se propõem a ajudar, mas as mamães, principalmente as de primeira viagem, querem instintivamente o monopólio dessa tarefa.
Nesse cenário, muitas vezes o pai percebe-se sem função e volta-se mais ao seu trabalho onde se sente protagonista. Nada errado, nenhum culpado, apenas formas diferentes de mamãe e papai alimentarem sua autoestima.
O resguardo pode causar na mulher a ideia de que ela perdeu seus encantos femininos, está mais gorda, não tem tempo para se arrumar e seu marido corre o risco de se encantar por outra. A falta de sono nas vinte e quatro horas de plantão com o bebê acabam aumentando a irritabilidade materna que já não consegue agir delicadamente e começa a responder e brigar com o parceiro. Está formada a confusão em que você, provavelmente se encontra.
Como lidar com isso, você me pergunta?
Primeiramente entendendo que essa situação é e deve ser passageira. É claro que se, passado o resguardo, você continuar deixando seu marido de lado para ser uma mãe obsessiva, ele vai procurar outras formas de ganhar atenção, carinho e cumplicidade. Assim, tente reconstruir momentos de afeto, namoro e comemoração o mais rápido possivel. Afinal, filho não substitui marido e marido não substitui filho. Ambos devem caminhar em paralelo e ter seus momentos de atenção.
Por outro lado procure, na medida do possivel, incluir seu marido nas tarefas com o bebê. Mesmo que ele não faça tudo do jeitinho que você quer, convide-o a ajudar, inclua-o no ritual de cuidados com esse novo integrante da familia que, afinal, é dele também. Vínculos se formam através de contato e seu marido, ao se apegar à criança, tenderá a ficar mais tempo com ela, e consequentemente, ficará mais tempo perto de você.
Essência da família: cuidar um do outro
Finalmente, não se esqueça que você tambem existe e, nesse sentido merece atenção e cuidados. Nada de ficar o dia inteiro de pijama, despenteada com a angústia estampada no seu rosto. Aproveite os momentos em que o bebê estiver dormindo para se arrumar, relaxar, ler alguma coisa que você gosta ou bater um papo com uma amiga. Sim, é possivel conciliar tudo isso, desde que você acredite que cuidar de você mesma é essencial para que você consiga cuidar dos outros. E que cuidando de seu marido e filho de forma carinhosa e eficaz eles, certamente, cuidarão de você também. É assim que se constrói uma familia da qual todos os envolvidos sentem prazer em participar sem precisar fugir dela para se sentir bem.