Por Patricia Gebrim
Por que andamos tão cansados?
Nunca ouvi tanta gente reclamando de cansaço. Mais do que cansados, estamos exaustos. Exaustos de passar dia após dia fazendo coisas que nos afastam cada vez mais de quem verdadeiramente somos. Exaustos de tentar corresponder ao que esperam de nós, de correr para conquistar nosso lugar, de provar que somos capazes, de lutar. E se nos perguntam por que fazemos isso, estamos tão cansados que já não sabemos responder.
Precisamos urgentemente parar para respirar. Não há vida sem ar. Não há sentido sem vida. A alma sofre sem um sentido maior para a vida.
A respiração é a porta de entrada da alma. Uma brecha na ilusão que se tornou nossa vida cotidiana. Uma pausa para que possamos recuperar a memória. Quando respiramos, por um instante somos levados, junto com o ar, para dentro de nós. Somos levados para um encontro sagrado com nossa própria essência.
Dentro de todos nós existe esse lugar de cura, longe dos ruídos mundanos, longe das cobranças, das crenças, dos certos e errados, longe até mesmo de nossos pensamentos. Um lugar pacífico que nos acolhe com a mesma amorosidade com que somos acolhidos por uma árvore, uma nuvem, uma flor. Esse lugar é a nossa mais preciosa fonte de energia. É de lá que vem a nossa força, as ideias, os sonhos, a alegria.
Estamos exaustos porque nos esquecemos de nós mesmos. Deixamos de nos reabastecer. Estamos enfraquecidos, famintos, apagados e sem vida. Para compensar essa falta, buscamos fora de nós pela vida que só pode ser encontrada em nosso íntimo. É dessa distorção que nascem os vícios. Em busca de nos sentir vivos, passamos a comer demais, beber demais, gastar demais. Ou buscamos nos energizar através de outras pessoas, e assim criamos relacionamentos desarmoniosos, relações de trabalho abusivas, mendigando pela vida por algo que existe em abundância no íntimo de cada um de nós.
Comportamos-nos como mendigos, caminhando errantes pela vida, pés descalços se ferindo no asfalto dessa selva de pedra, esquecidos de que possuimos o mais belo dos jardins, repleto de árvores frutíferas. Não somos mendigos. Somos reis e rainhas, somos pássaros, somos poetas, somos criadores. E se estamos tão cansados foi por nos termos esquecido disso.
A prosperidade deveria ser o estado natural de todos nós.
Respire, lembre-se de quem você verdadeiramente é. Faça pausas. Subverta a doentia ordem das coisas. Desobedeça, quando necessário, esse sistema que trata você como uma máquina. Priorize a si mesmo. Priorize sua existência. Encontre a ética em seus próprios valores superiores, a ética não existe fora de você. Todos sabemos, dentro de nós, o que é certo para cada momento. Basta seguir o rastro do amor. Esse deve ser seu norte. Siga-o e você encontrará sua paz.