por Nicole Witek
Lá vou eu, de manhãzinha, três horas de jejum no mínimo, RNE (RG) e cartão de pagamento no bolso para o laboratório.
Estou aplicando algumas técnicas de yogaterapia em mim mesma para mostrar que o yoga pode” e para provar isso, quero cifras (provas físicas) na mão. Decidi então fazer exames de sangue durante três meses consecutivos para documentar minha pesquisa pessoal.
Então, nessa manhã de sábado, resolvi fazer meu exame de sangue. Terminada a parte burocrática, sento-me na sala de espera e me chama um rapaz, alto, bonito, com ar de quem está em plena saúde.
Entrando na salinha dele, e antes de mais nada, não consigo segurar meu pensamento: Quem diria que você trabalha em um laboratório! Se eu me encontrasse com você na rua, eu diria que você é professor de ginástica, nunca pensaria que você fosse enfermeiro, perfurando com tanto carinho e delicadeza as veias de pacientes”
O Carlos olha para mim com um sorriso enigmático e respondeu: Durante o dia eu trabalho no laboratório e à noite eu ensino ju jitsu”.
Em silêncio ouço sua explicação: Acho que devemos fazer uma atividade física que gostamos. Vejo o dia todo pessoas sofrendo de todas as dores, todos os males do planeta. Cheguei à conclusão de que não tem como viver bem sem incluir em nosso roteiro do dia uma atividade física, qualquer que seja ela”.
Eu, calada, feliz e atenta, ouvi a voz da sabedoria:
Sabemos que a atividade física deixa o corpo trabalhado, estimula a produção de endorfinas, dá prazer, levanta o astral, afasta os males da coluna vertebral”.
Eu, ainda calada, feliz e atenta, continuei ouvindo a voz da saúde:
As pessoas queixam-se que entre trabalho e filhos não têm tempo para atividade física, mas não precisa ir mesmo numa academia e nem praticar uma rotina chata, o mais importante é uma atividade gostosa. Assim, a pessoa tendo prazer em fazer essa atividade, não a leva como uma obrigação”.
Eu, ouvindo, feliz e atenta, ouvi a voz do prazer:
Não basta a cabeça funcionar se o corpo não acompanha”.
Eu calada, feliz e atenta. Será que dei um salto no tempo e me encontrei com o Máximo de Juvenal (60–138 AC)? Não. Não é o poeta romano, é um sábio cuja frase nos acompanhou até hoje: Mens sana in corpore sano”.
Não! Não voltei no tempo, apenas me encontrei com o integrado e sábio do laboratório, um jovem de seus trinta anos, Carlos, que com simplicidade fala para nós algo tão fundamental: a saúde do corpo é uma condição importante para a saúde do espírito.
Assim começou meu dia.
Quando as pessoas pensam em yoga, pensam em disciplina chata, obrigações a mais para se cobrar. Tenho que praticar… A vida é cheia de “tenho que”.
Mas, como o Carlos, podemos considerar nossa atividade física acrescentada como uma pitada a mais, importantíssima para nossa atividade mental. Assim garantiremos a saúde do espírito.
O sábio do dia fez a promoção da integração: ativar o corpo, ter prazer em usá-lo, desencadear na sua prática emoções boas e gostosas de usufruir de todas suas capacidades físicas.
Não precisa ser ginástica, pode ser dança, natação, patinação, caminhada… o mais importante é “a atividade física prazerosa”!
Não preciso comentar mais que isso: aqui está uma integração bem parecida com essa do yoga:
– corpo físico, alinhado com
– pensamentos positivos, alinhados com
– emoções positivas, alinhada com
– o espírito.
Já é mais do que suficiente. Essa integração leva ao bem-estar que proporciona a liberdade do Ser. Esses quatro ingredientes são suficientes para promover uma boa qualidade de vida.
Voz de médico? Voz de poeta? Voz de professor de yoga? Não precisa ser a voz erudita e distante. Essa voz perto de nós é que tem mais impacto. Ouça a voz do Marco Antonio porque na verdade o que importa é se sentir-se bem.
E o yoga entrará na sua vida, no tempo certo, na hora certa e com uma dimensão a mais, a dimensão energética.