Saiba como combater cálculos biliares

por Gilberto Coutinho

É mais fácil prevenir a formação de cálculos biliares do que tratá-los quando esses já estão formados dentro da vesícula biliar, reservatório musculomembranoso, que se localiza na face inferior do fígado.

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Os cálculos são bons exemplos de doenças que podem ser desencadeadas pela dieta ocidental. Podem ser assintomáticos ou ocasionar intensa dor abdominal, com intervalos de ausência de dor que podem durar dias ou até meses. Nesse caso, podem provocar eructação (arrotos), flatulência (gazes nos intestinos), náuseas e desconforto gastrointestinal após a ingestão de alimentos gordurosos (gordura e frituras) e pesados (de difícil de digestão). O diagnóstico definitivo é sempre feito por ultra-som.

Os fatores que mais predispõem à formação de cálculos biliares de colesterol e mistos são: a dieta (pobre em vegetais e em fibras dietéticas, rica em frituras e gorduras); o sexo (as mulheres têm uma predisposição maior por causa do aumento do colesterol na bile e pela supressão da síntese de ácidos biliares pelos hormônios estrógenos); a raça; a obesidade; certos medicamentos; as doenças gastrointestinais (doença de Crohn e fibrose cística); e a idade (é também um fator de risco entre os homens com mais de 40 anos).

Os cálculos biliares podem ser classificados em quatro principais categorias

• Colesterol puro.

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• Pigmento puro de bilirrubinato de cálcio. Os cálculos puros de colesterol e de bilirrubinato de cálcio são muito raros nos EUA. Os cálculos biliares pigmentados são mais comuns no Oriente, devido à incidência elevada de infecções parasitárias do fígado e da vesícula biliar, por uma variedade de parasitas como, por exemplo, o trematódeo (pantelmintos) hepático Clonorchis sinensis. Nos Estados Unidos, os cálculos pigmentados, na sua grande maioria, são provocados pela hemólise crônica (explosão de eritrócitos) ou cirrose alcoólica hepática.

• Misto: contendo colesterol e seus derivados com quantidades de sais biliares, pigmentos biliares e sais inorgânicos de cálcio. Estudos recentes demonstram que, nos EUA, cerca de 80% dos cálculos são mistos.

• E cálculos formados totalmente de minerais.

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O que ocasiona os cálculos biliares?

• Supersaturação da bile ou a insolubilidade do colesterol dentro da vesícula biliar. A solubilidade da bile (líquido viscoso e muito amargo secretado pelas células hepáticas, estocado na vesícula biliar e vertido no duodeno através do canal colédoco) depende das concentrações de colesterol (insolúvel em água), de ácidos biliares, de lecitina (fosfatidilcolina) e de água. Um aumento do colesterol ou uma diminuição dos ácidos biliares, de lecitina e de água dentro da bile pode muito contribuir para a formação de cálculos biliares.

• Nucleação e iniciação de formação de cálculo.

• Aumento do cálculo biliar.

• As bactérias e os protozoários podem causar obstrução no fluxo da bile e atuar como agentes estagnadores.

Terapêutica

O tratamento natural deve incluir a redução de todos os fatores de riscos envolvidos no desenvolvimento dos cálculos biliares. Uma vez que já estejam formados, torna-se indispensável evitar a ingestão de alimentos que possam contribuir para a formação cálculos biliares e empregar procedimentos que aumentem a solubilidade do colesterol presente na bile.

Diversos fatores alimentares são importantes na prevenção e no tratamento. É importante eliminarem-se os alimentos que possam produzir e agravar os sintomas, aumentar-se a ingestão de fibras dietéticas (especialmente as formadoras de gel ou mucilagem como, por exemplo, sementes de linhaça, farelo de aveia, endosperma de Cyamopsis tetragonolobus, pectina, etc) e de vegetais e frutas (é muito respeitada a hipótese de que a principal etiologia dos cálculos biliares seja o elevado consumo de alimentos refinados e pobres em fibras dietéticas), eliminarem-se as intolerâncias alimentares (alergias) e reduzir-se o consumo de frituras, de gorduras saturadas e de proteínas de origem animal. Sabe-se que uma dieta rica em carboidratos refinados (amidos e açúcares), em frituras e gorduras e pobre em fibras muito contribui para uma redução da síntese de ácidos biliares na vesícula biliar.

Dieta vegetariana

A dieta basicamente vegetariana é a mais indicada na prevenção e no tratamento dos cálculos biliares. As proteínas animais, como a caseína (proteína e o principal constituinte dos queijos) dos derivados do leite, aumentam a formação dos cálculos biliares em animais; e as proteínas vegetais, como a soja, auxiliam na prevenção dos cálculos biliares.

Outros procedimentos naturais envolvem o emprego de compostos lipotrópicos nutricionais (impedem o acúmulo de gorduras no fígado), coleréticos botânicos (ativam a produção e a secreção da bílis) e outros compostos naturais, tendo por objetivo aumentar a solubilidade da bile.

As deficiências nutricionais de água (deve-se ingerir de seis a oito copos de água por dia para melhorar-se o conteúdo hídrico da bile e torná-la mais fluida), de lecitina (encontrada em abundância na soja), das vitaminas E e C podem também predispor o organismo à formação de cálculos biliares.

Medicina Tradicional Chinesa

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a infecção aguda do trato biliar, os cálculos biliares (os quais costumam ser tratados cirurgicamente) e a colecistite (inflamação da vesícula biliar) são bons exemplos de doenças causadas pelo calor e umidade patológicos. Observa-se não ser, tanto para os terapeutas indianos quanto para os chineses, a cirurgia uma das melhores alternativas, em muitos casos, devido ao próprio risco que ela impõe ao paciente e à reincidência da doença.

Assim, os alimentos mais indicados, para reduzir-se o calor e a umidade patológicos, são: broto de feijão-azuki (planta originária do extremo Oriente); raiz de alfafa e de gramadeira; trigo-sarraceno; melão almiscarado (cantapulo); carpa; raiz de aipo; repolho chinês; erva cidreira; cabelo de milho; brotos de feijão soja (preta); berinjela; folhas de figueiras; rã; caule de arroz glutinoso; azeitonas; banana de são-tomé; amaranto picante (as folhas são comestíveis, como as do espinafre); raiz de abóbora; moranga; óleo de feijão soja