por Nuno Cobra
O seguinte estudo foi divulgado na mídia:
"'Overwork in America é o mais novo estudo americano sobre a relação entre empresa, empregado, resultado e qualidade de vida. Dos mais de mil entrevistados, metade relatou que tem de dar conta de tantas tarefas – e, ao mesmo tempo, atender a outras tantas solicitações -, que não consegue terminar o que começou.
Nove entre dez disseram que, apesar de se dedicarem ao máximo às exigências do trabalho, sentem que os resultados nunca são bons o suficiente.
A insatisfação em relação ao próprio desempenho profissional acaba fazendo com que as pessoas levem trabalho para casa, ocupando suas horas vagas e finais de semana. Muitos, inclusive, abrem mão das férias para dar conta do recado. Conclusão: 36% confessaram estar com alto nível de estresse; 21% exibem sintomas de depressão; e 40% dizem que, no geral, a saúde não está boa.
No Brasil, a situação não é diferente. Com as exigências do mundo globalizado."
Há mais de vinte anos desenvolvo um trabalho de qualidade de vida na empresas. Pude perceber de maneira muito clara, ao longo de todas essas décadas, que o ambiente de trabalho ficou cada vez mais exigente e, apesar de todos aperfeiçoamentos tecnológicos, os colaboradores são esquecidos, como se eles fossem apenas máquinas, obrigadas a produzir sempre o melhor e de forma muito rápida.
É paradoxal que quanto mais se fala no binômio empresa/qualidade de vida, mais se esquece de sua base fundamental, que é menos cobrança, exigência… Pelo contrário, exige-se um envolvimento cada vez maior, extrapolando as horas dedicadas à empresa.
Tenho percebido no trato empresarial o uso surrado da expressão 'necessidade de qualidade de vida na empresa', sem oferecer as condições para isso ocorrer, passando mesmo uma idéia de impotência.
Já desenvolvi este tipo de trabalho em várias empresas importantes e, ao mesmo tempo que introduzem um programa de qualidade de vida, impedem indiretamente que esta pessoa participe desse programa de forma correta e produtiva, pois já se encontra, de tal forma sobrecarregada com tantos afazeres, que não consegue sequer cumprir o programa.
Atividade física inócua
A atividade física que os funcionários tentam fazer de qualquer forma, parece a princípio interessante; mas acaba constituindo mais um momento de estresse na cabeça dos colaboradores. E o que é pior, sem nenhum resultado fisiológico. Uma vez que excitados e estimulados, acabam fazendo com exagero. Além do quê, não conseguem obter por todo esse estresse e, principalmente, por falta de um sono reparador, um aproveitamento conveniente das benesses do esforço cardiovascular.
Exigência traz resultado oposto
Enquanto a empresa não entender que esta exigência de trabalho extremamente exagerada tem um resultado completamente oposto, as pessoas não irão conseguir produzir aquilo que poderiam, se o objetivo é realmente produzir mais e melhor.
Uma pessoa com mais tempo para se cuidar, dando ao seu corpo um mínimo de movimento e repouso; e a sua mente mais momentos de recreação espontânea; irá produzir automaticamente muito mais.
Além do mais, esses colaboradores acabam não gozando férias, levando afazeres para casa e aumentando seu estresse indefinidademente.
Acabam no meio dessa avalanche de cobranças sempre urgentes, não levando suas atividades até o fim, sempre começando algo novo, que acaba ficando pelo meio do caminho. Toda essa situação estressante promove muitos erros no trabalho.
Esses acontecimentos não são notados imediatamente nas empresas, mas vai de forma continua e ininterrupta consumindo as forças físicas, mentais e aumentando extremamente o estresse.
Receita para driblar o 'overwork'
– O colaborador precisa estar mais centrado, cuidando com o devido tempo e de forma correta do seu corpo, com todas as variáveis de sono, alimentação, respiração e relaxamento. Só assim irá obter o devido equilíbrio e paz de espírito para encontrar a solução adequada para cada desafio que sua vivência e experiência é capaz de conseguir.
– Aplicar-se através da caminhada ou corrida. Isso vai regular o metabolismo e proporcionar mais energia, vitalidade e disposição. Não é malhar, ou seja, fazer em excesso.
– A empresa deve dar mais condições para o colaborador investir mais em si mesmo, explorando de maneira mais conveniente seu extraordinário potencial humano.
– Ter condições e tempo para estar mais presente na sua vida pessoal.