por Rosemeire Zago
Hoje quem tem um relacionamento afetivo em geral está insatisfeito, com muitas reclamações de ambos os lados; e quem não tem ninguém, claramente, ou ocultamente, quer ter, apesar de muitas vezes ter muito medo de reviver experiências traumáticas. Mas o que fazer para manter um relacionamento saudável, onde ambos se sintam satisfeitos?
Todos nós desejamos um parceiro (a) que nos compreenda e se importe com o que sentimos. Compartilhar nossas necessidades é fundamental para melhorar qualquer relacionamento e isso cria o que chamamos de vínculo emocional. Mas enfim, o que é vínculo emocional? É ter interesse e compreensão pelo sentimento do outro, sentir empatia.
Ou seja, ter a capacidade de se colocar no lugar do outro, percebendo e atendendo suas necessidades emocionais. Tarefa nada fácil, não? Mas pode ser possível quando existe amor, e o desejo genuíno que o relacionamento se mantenha e seja acima de tudo, saudável. Mas isso pode ser comprometido quando o outro não percebe a importância do vínculo emocional para o relacionamento.
A maioria das pessoas não presta atenção às necessidades emocionais do outro. E assim, dificilmente estabelece vínculos. Uma de nossas maiores dificuldades é manter uma comunicação com outra pessoa, ainda mais em momentos de conflitos, que fatalmente levará a algum desentendimento, discussão, briga. O fato é que nossas necessidades emocionais, e as do outro, são demonstradas na rotina do dia a dia e não as reconhecemos como sendo importantes, mas no momento que mais precisamos de apoio e não o recebemos, elas aparecem de maneira gritante. Quando isso ocorre, cada um começa a se fechar em seu próprio mundo, sentindo-se sozinho e a distância começa a se formar e muitas vezes, torna-se um verdadeiro abismo difícil de se transpor.
Muitas discussões surgem de mal-entendidos e separações e ressentimentos poderiam ser evitados se as pessoas tivessem mais diálogo, sem deixar acumular e adiar conversas tão necessárias para um maior entendimento. Sim, a maioria evita ou foge dessas conversas, sem entender a importância que tem para a manutenção do relacionamento.
Quando digo conversar, cada um deve considerar seus limites e o estresse gerado pelo assunto. Ao perceber que a discussão pode desencadear emoções intensas, você terá dificuldade para pensar com clareza e tudo ficará um pouco difuso e dificilmente conseguirá manter a conversa de modo produtivo. Neste momento, interrompa a conversa e faça algo que o acalme por 20 minutos. Não vá virar às costas e deixar o outro falando sozinho, porque assim tudo irá piorar, mas explique como está se sentindo e que é melhor para ambos dar um tempinho, mas não dias, certo?
Neste intervalo de tempo, tome um banho, desvie seu pensamento, procure pensar em outra coisa e não fique remoendo o assunto em questão, enfim, mude a energia. Depois volte ao assunto e conversem com mais calma. Evitar essa conversa, como muitos fazem, acaba dando origem a mágoas e quanto mais as pessoas ficam magoadas, mais se afastam uma da outra, e mais conflitos terão que enfrentar mais tarde.
Pensamentos e sentimentos negativos crescem dentro de cada um de nós como fermento em bolo, por isso é sempre melhor conversar sobre o que está sentindo conforme os acontecimentos surgem e não deixar para depois, acumulando conflitos. Mas se em vez de interromper a comunicação no meio de uma discussão, as pessoas conseguirem permanecer presentes uma com a outra, conseguirão resolver as questões do conflito, evitando que sentimentos de mágoa sejam mantidos.
A pior atitude que alguém pode ter durante uma conversa é virar às costas e ir embora, principalmente se ambos permitirem que o silêncio perdure por dias. Conversar sobre os sentimentos de cada um pode ser que não faça com que os problemas desapareçam, mas cria a oportunidade de você entrar em contato com a outra pessoa, e sentirem que podem oferecer apoio emocional um ao outro enquanto tentam resolver a situação.
Não construímos uma boa comunicação na hora do conflito, mas muito antes, em pequenos gestos diários. Há muitas oportunidades de aproximação, mas nem todos estão atentos. Os relacionamentos completos e gratificantes, não aparecem formados, mas se desenvolvem pouco a pouco, a cada encontro, a cada momento. Gestos simples como um abraço apertado, uma pergunta de como o outro está, como passou o dia, como está se sentindo, podem fazer muita diferença.
Respostas positivas a uma necessidade ou pergunta produzem uma interação contínua, e quando houver por algum motivo, algum desentendimento, ambos terão muito mais facilidade de resolver qualquer conflito. Quando um deles discorda, consegue permanecer vinculado e envolvido um com o outro. Em vez de ficarem magoados e na defensiva, conseguem demonstrar afeto, interesse pelo outro e respeito mútuo, tornando o conflito de algum modo produtivo. Enquanto que uma reação ou resposta negativa corta imediatamente a comunicação emocional. E uma vez recebido uma resposta negativa, a tendência é o outro, aos poucos, se fechar, construindo assim um casulo de proteção, mas tendo como sequela o distanciamento.
Devemos lembrar, principalmente em momentos de conflito, que desprezo, críticas, indiferença, agressividade, ironia, humilhação, arrogância, hostilidade, rejeição, orgulho, distância, infelizmente tão comuns, destroem qualquer relacionamento. E se isso tem acontecido com frequência em seu relacionamento, sinal amarelo, muita atenção se quiser que o relacionamento se mantenha.
Todos nós temos necessidades emocionais. É importante cada um identificar quais são as suas. É certo que nossas necessidades mudam, mas muitas tiveram origem desde quando éramos crianças, e sem perceber ainda afetam diretamente nossos relacionamentos e criam nossas expectativas. Quais são as suas hoje? Escreva. Depois compartilhe com seu parceiro(a). Não podemos querer que o outro adivinhe o que estamos querendo. É importante verbalizar, e não demonstrar apenas de modo sutil, como muitos o fazem.
Para manter o vínculo emocional é importante:
Diálogo produtivo: procedimentos
– Comunicar suas necessidades emocionais sem atacar ou culpar a outra pessoa;
– Interesse sincero em ouvir – saber da vida do outro e principalmente seus sentimentos;
– Manter a conversa;
– Descrever seu ponto de vista como uma maneira de perceber as coisas e não como a verdade absoluta;
– Respeitar a opinião do outro, afinal ser diferente não quer dizer errado;
– Quando falar sobre determinado assunto, procure focar apenas no assunto específico, se há outros assuntos pendentes, deixe para depois. Procure conversar uma coisa de cada vez. Já percebeu que quando um fala algo e o outro vem com outro assunto, vira uma confusão e ninguém mais se entende? Isso geralmente acontece quando se acumula problemas e depois quer falar tudo de uma só vez, o que não é nada producente;
– Sentir empatia,
– Demonstrar que o outro é importante;
Se desejamos um relacionamento saudável, temos apenas uma opção: ou desenvolvemos vínculo emocional e o mantemos, ou a relação se deteriora. Se afastar, ir contra, ou se voltar na direção das necessidades emocionais um do outro poderá determinar o futuro sucesso ou fracasso do relacionamento.