por Leniza Castello Branco
No artigo anterior, expliquei por que a terapia junguiana não realiza um processo de cura (clique aqui e leia).
Agora vou dar sequência ao processo terapêutico desenvolvido por Jung abordando os complexos.
O complexo é um conjunto energético estrutural da psique (mente) formado por imagens, lembranças, fantasias e ideias; nome dado ao que se torna confuso, complicado e intrincado.
Na nossa personalidade existem vários complexos, vários núcleos complicados que são acessados através das emoções, sonhos e imaginações. Podemos reconhecer alguns deles e saber quando aparecem. Outros são tão escondidos e disfarçados que nem temos ideia que existam. Para Jung, o complexo é “a via régia (o caminho) para o inconsciente”.
São muito conhecidos os complexos de inferioridade e de culpa. Mas existem outros, como por exemplo, o de autoridade.
É o caso de uma pessoa que tem problemas com autoridade, não aceita patrões e nem disciplina. Qualquer pessoa que lhe diga o que fazer ou que queira liderá-lo, é imediatamente descartada por ser “mandona”, “autoritária” e “inflexível”. Em geral, quem sofre desse complexo pode entrar em conflito, perder a cabeça e acabar dizendo o que não queria.
Qualquer insinuação ou palavra, mesmo que de leve, lembre autoridade, faz com que essa pessoa aja de modo destrutivo, perdendo cargos ou trabalho. Esse indivíduo sempre põe a culpa nos outros.
Em resumo, numa linguagem leiga essa pessoa tem um “complexo de autoridade”. Assim projeta nos outros sua própria autoridade interna e não reconhecida. Trata-se de um autoritário que não exerce sua autoridade. Mas quando exercida, é sempre de modo agressivo, tomado pelo complexo.
Sempre que um complexo nos domina agimos de forma inadequada e depois nos arrependemos.
Durante a terapia temos que abordar esse e outros complexos que irão aparecer nos sonhos, nos relacionamentos…
O doutor Edward Whitmont analista membro do Centro de Treinamento C.G.Jung de Nova York sugere:
Ao se referir a alguém como autoritário, deve-se inverter. Ao invés de dizer, fulano é autoritário”, dizer: “ Eu sou autoritário” ou “Meu complexo é autoritário”. Assim, iremos tocar direto no complexo e diminuiremos sua força, já que traremos para o consciente algo que está escondido e nos faz perder a cabeça. Sempre que a perdemos, o complexo está atuando e nos dominando. Quanto mais inconsciente, mais força esse complexo tem. Segundo Jung, “não temos um complexo , é ele é que nos tem” é autônomo, e não conseguimos controlá-lo.
O complexo não é só negativo. Muitos complexos são positivos e afetam nossa criatividade e nosso desenvolvimento psíquico.
Quando alguém nos fascina, nos atrai, quando uma pessoa ou ideia nos apaixona, também é um complexo que vem à tona. Pode ser algum potencial positivo que não desenvolvemos e está presente no outro e assim nos fascina. O potencial positivo nos atrai e o potencial negativo nos irrita.
Abordarei este assunto aqui na coluna. Até lá!