por Arlete Gavranic
Quem vive em grandes centros urbanos convive muito mais com situações de estresse e distresse (estresse crônico).
O trânsito, cobranças e inseguranças em relação ao trabalho, a enorme quantidade de informações recebidas; preocupação com envelhecimento, infidelidade, beleza… faz com que as pessoas vivam muito perto do limite do estresse e às vezes do distresse.
Para entender melhor isso, consultei a Dra. Liliana Seger, que abordou esses temas em seu doutorado e tem na prática clinica na área.
Segundo Liliana, o estresse é definido como uma resposta não específica do organismo a qualquer mudança ambiental, onde o mesmo tenta adaptar-se, elaborar um comportamento na presença de uma situação nova ou inesperada: uma bronca do chefe, um susto no trânsito, uma cena de infidelidade…, mas a reação é natural e passa.
Já o distresse é crônico: você vive essas situações com muita frequência e isso causa problemas e doenças.
Segundo Liliana, o estresse se caracteriza pela alteração fisiológica que se processa no organismo quando esse se encontra em uma situação que requeira dele uma reação mais forte àquela correspondente à sua atividade orgânica normal.
As glândulas endócrinas liberam substâncias incluindo adrenalina, provocando taquicardia, taquipneia (respiração superficial e acelerada) para maior oxigenação do sangue. Os músculos tensionam-se, a circulação periférica aumenta, os processos digestivos interrompem-se e o corpo mantém-se em equilíbrio para enfrentar a situação ou fugir.
Portanto, frente a uma situação ameaçadora ou vista como tal pelo indivíduo, o organismo se prepara para agir, há o mecanismo de luta ou fuga.
Pode ocorrer de tendo a situação resolvida: o susto já passou e não era real, você não foi demitido, não era sua namorada abraçada com outro rapaz, ou o carro freou a tempo e não bateu… Com isso o organismo repara as mudanças feitas pelo estresse e volta à sua situação de prontidão relaxada.
Liliana alerta que quando a situação persiste e o agente estressor não desaparece, mantém-se a fase de alarme ocorrendo a fase de exaustão que provoca o distresse. Ou seja, o estresse maléfico para o organismo, desenvolvendo-se nesse estágio as patologias: úlceras, infarto, etc.
A resposta de estresse consiste na produção de esteroides do córtex adrenal e a produção de epinefrina pela medula adrenal e nervos simpáticos. Caso a produção dessas substâncias continue por um período prolongado, ocorrem várias complicações médicas como: diminuição do sistema imunológico, elevação da pressão arterial, elevação do colesterol, elevação da glicose, elevação dos batimentos cardíacos e irritação das paredes do estômago e trato intestinal.
Os riscos que o corpo corre em situações de estresse e principalmente de distresse geram os sintomas relacionados no quadro abaixo.
Pessoas estressadas podem ter disfunções sexuais como: falta de orgasmo, ejaculação precoce, disfunção erétil, ausência de desejo, etc.
Sintomas do estresse
Fatores psicológicos:
ansiedade
pânico
angústia
insônia
alienação
dificuldades interpessoais
dúvidas quanto a si próprio
preocupação excessiva
inabilidade em se concentrar em
outros assuntos que não o estressor
inabilidade em relaxar
tédio
ira
depressão
hipersensibilidade emotiva
Fatores fisiológicos:
aumento de sudorese
taquicardia
taquipneia
hiperacidez estomacal
tensão muscular
bruxismo
hiperatividade
náuseas
anorexia
alteração no sistema imunológico
Liliana alerta que a resposta de estresse é determinada pela forma como a pessoa percebe os estressores. Pensamentos, sentimentos, valores, crenças e atitudes, influenciam na sua resposta física e comportamental ao estresse.
Por exemplo, deve-se avaliar se a pessoa enxerga a situação como ameaçadora, desafiante ou estimulante.
Alguns têm uma postura mais positiva, enxergam desafios para crescer, superar; outros tendem a enxergar em tudo problemas e ameaças.
Uma pessoa estressada pode ter sua irritabilidade no trânsito aumentada e essa vem acompanhada de tensão muscular, desgaste físico e tendência maior a brigas no percurso.
Vários fatores podem determinar a resistência ao agente estressor: a saúde individual (nutricional, exercícios), fatores genéticos, tipo de personalidade, suporte social, fatores de persistência, experiências anteriores com estressores e capacidade de manejo e superação de estresse.
Sexualidade
Inúmeros são os casos de disfunções sexuais motivados por fatores de estresse no trabalho.
Deve-se dentro possível procurar soluções práticas para minimizar os efeitos dos agentes estressores.
Por exemplo: quem ficaria parado por duas horas no trânsito engarrafado na hora do rush, poderia fazer academia ou um curso de língua estrangeira ao lado do trabalho e encarar esse percurso quando o trânsito for menor, ou ainda avaliar se vale a pena mudar de casa para um local mais próximo.
Ouvir músicas relaxantes também ajuda.
Para dificuldades conjugais a terapia de casal pode ajudar a efetivar mudanças que aproximem o casal, minimizando brigas e desgastes.
O encontro sexual que poderia ser uma quebra das situações de estresse fica comprometido.
Viver a libido e o prazer gera a liberação de endorfinas, traz relaxamento físico e psicológico.
Colaborou Liliana Seger: Dra. em psicólogia clínica