por Patricia Gebrim
É claro que todos nós queremos viver bem, queremos fazer escolhas que nos tragam bem-estar, queremos viver de maneira que, ao chegarmos aos "150"(!) anos de uma vida rica e divertida, ainda tenhamos vontade de ficar mais um pouquinho para celebrar tanto crescimento, aprendizado e conquistas.
Mas se é isso o que queremos, por que tantas vezes ao olharmos para trás, ao invés de enxergarmos uma vida rica e diversificada, nos deparamos com uma série de repetições? É claro que uma ou outra coisinha muda… mas muitas vezes pensamos:
– Por que estou vivendo isso DE NOVO????
Repetimos, repetimos, repetimos… isso era o que Freud chamava de neurose. Alguém menos científico talvez chamasse de burrice, o que seria uma grosseria e tanto. Eu chamo de falta de consciência.
Pense em nossas mentes como se fossem computadores . Nesses computadores, desde crianças, são inseridos dados que formam sistemas de crenças, que passam a ser a base de nossas escolhas. Preste atenção… esses dados são meras percepções que temos da realidade, e não a realidade em si! Para esclarecer: "interpretamos" a realidade, transformamos essas interpretações (que são meramente subjetivas) em dados, com esses dados criamos crenças, e passamos a viver com base naquilo que acreditamos.
Assim, se existe uma escolha que não esteja inserida em nosso sistema de crenças, simplesmente nem a percebemos. Simples assim…
O problema é que não nos damos conta de que isso acontece e esse sistema de crenças passa a ser acessado automaticamente, sem que nós o questionemos mais. Aí está a causa de nossa falta de liberdade na vida. Continuamos, como robôs obsoletos, reproduzindo as mesmas situações de muitos anos atrás.
Não seremos capazes de viver coisas novas e criativas em nossas vidas enquanto formos prisioneiros de crenças obsoletas e disfuncionais. Só para que tudo isso não fique muito teórico… imagine que Joãozinho estivesse um dia brincando em sua casa e que, sem querer, tenha deixado cair e quebrar um vaso de sua mãe.
Ele fica um pouco apreensivo, mas continua brincando. Em breve sua mãe chega, vê o vaso quebrado, sobe correndo para o quarto, faz as malas e vai embora.
Joãozinho, confuso, pensa que o fato de ter quebrado o vaso fez com que sua mãe o abandonasse (essa é sua "interpretação" do que aconteceu, e não a realidade!). Em seu computador fica gravado:
– Se eu errar vou perder pessoas que amo.
Ele não sabia que sua mãe tinha acabado de ter uma discussão horrenda com seu pai e que eles tinham decidido terminar o casamento. Ele não sabia que a ida de sua mãe nada tinha a ver com o vaso quebrado. Ele era apenas uma criança, e nem poderia saber dessas coisas…
A partir daí, no entanto, Joãozinho começa a tentar evitar o erro a qualquer custo. Cresce… torna-se um homem esforçado, rígido, que cobra demais de si mesmo e das pessoas ao seu redor. E começa a perceber que acaba sempre sendo abandonado… por sua primeira namorada… por sua segunda namorada… por sua terceira namorada…
Por mais que se esforce em acertar, sempre algo parece dar errado.
Tente perceber a crença: " Se eu errar serei abandonado"
Ora, todas as pessoas erram!!! Será que ele está sendo abandonado porque está cometendo erros? Ou porque acabou se tornando rígido e exigente demais? Ou porque acabou escolhendo as pessoas erradas??? Ou… ???
Pense em quantas possibilidades existem a ser investigadas.
Mas na mente de João não existem esses questionamentos. Ele tem "certeza absoluta" de que foi abandonado porque errou em algo. É assim que funciona. Quando uma crença se instala, deixamos de questioná-la. E deixamos de investigar a realidade.
Descubra e acabe com suas falsas crenças
Pense um pouco em sua história de vida. Olhe com mais atenção. Procure por suas crenças. Uma boa pista é tentar encontrar fatos que se repetem. Siga as palavras "sempre" e "nunca".
Você acaba sempre perdendo o emprego? Atrai sempre um parceiro que trata você com menos consideração do que você gostaria? Nunca consegue se sentir pertencendo a um grupo? Está sempre sozinho???
Escreva em uma folha de papel aquilo que vem se repetindo em sua vida.
Tente depois encontrar a crença que se esconde pro trás daquelas repetições. Vou simular alguns exemplos só para ajudar você:
Eu sempre perco o emprego. – Crença: Não sou bom o bastante
Nunca me tratam com consideração. – Crença: Eu não mereço ser amado
Nunca me sinto pertencendo a um grupo. – Crença: As pessoas não gostam de mim
Estou sempre sozinho. – Crença: Não consigo interagir com as pessoas
Quando você tiver detectado as crenças… QUESTIONE-AS!!! Parece simples, e é, só que raramente fazemos isso. Pergunte a si mesmo:
– Você REALMENTE acredita que isso seja verdade?
É verdade que você não é bom o bastante? Que não merece ser amado? Que as pessoas não gostam de você? Que não consegue interagir com as pessoas?
Pense racionalmente sobre essas coisas… você REALMENTE acredita nisso???
Se você der a si mesmo a chance de olhar mais uma vez para tudo isso, estará dando os primeiros passos em direção a uma nova vida. Tudo começa a partir desse novo olhar. A partir do momento que temos consciência de que um sistema de crenças está nos fazendo mal, podemos optar por descartá-lo. Podemos retirar esse programa de nossas mentes e viver a vida como a vida deve ser vivida… descobrindo-a a cada momento… sem verdades absolutas… sem prisões conceituais… vivendo com o prazer do novo, a curiosidade da criança e a liberdade de nossas asas.
Pare de repetir. Experimente a vida! Você vai agradecer a si mesmo por isso quando chegar a seus 150 anos!