por Thaís Petroff
Os comportamentos que você adota no seu dia a dia te ajudam a superar suas crenças negativas sobre você, o mundo, os outros e o futuro? Ou acabam de algum modo reforçando-as mais ainda?
Caso a opção seja a segunda, você está adotando o que na TCC chamamos de estratégias compensatórias ou comportamentos de segurança.
O que são essas estratégias e como diferenciá-las dos comportamentos adequados (funcionais)?
Os comportamentos de segurança visam nos proteger de ativar nossas crenças negativas e lidar com o desconforto emocional gerado quando isso ocorre. Ou seja, eles visam compensá-las.
Desse modo, esses comportamentos têm uma intenção positiva e servem de estratégia, porque a pessoa percebe que através deles sente um alívio frente às situações perturbadoras ou desafiadoras.
Destacam-se alguns exemplos trazidos em texto anterior (clique aqui e leia), como a checagem, onde a pessoa fica preocupada se fechou o gás ou se trancou a porta. Ela checa isso inúmeras vezes para se reassegurar de sua ação. Ou ainda a pessoa que se prepara muito para todas as suas apresentações ou avaliações no intuito de lidar com o medo de falhar.
Por que esses comportamentos são classificados como estratégias compensatórias ou comportamentos de segurança?
Isso ocorre porque a pessoa se utilizou dessas estratégias para aliviar sua ansiedade gerada frente a uma crença negativa. Além disso, seu comportamento impediu que ela fizesse a desconfirmação dessa crença. Por exemplo, no segundo caso onde a pessoa não acredita em sua autoeficácia (ou seja, na sua habilidade em desempenhar as atividades com sucesso), ela sente-se ansiosa frente ao pensamento de que em breve terá a apresentação de um trabalho.
Isso ocorre, pois esse pensamento ativa sua crença: “Não confio na minha habilidade em desempenhar as atividades com sucesso” – e diante de sua ansiedade tem um comportamento que a alivia temporariamente: preparar-se exaustivamente. No entanto, a dúvida ou preocupação assola novamente, sempre que ela pensa na apresentação, pois ela tem uma crença negativa frente à sua autoeficácia.
Ela desenvolve uma estratégia para lidar com a situação que a torna “escrava” da mesma. Ela cria uma regra interna que somente preparando-se exaustivamente, é que poderá se sair bem. E se ele obter bom resultado, irá atribuí-lo a essa estratégia. E caso não obtenha um bom resultado, pensará que faltou preparo e que na próxima precisará se esforçar ainda mais.
Diante disso, essa pessoa não se dá a chance de testar seu desempenho, preparando-se normalmente como qualquer outra pessoa e assim poder desafiar sua crença negativa de que sua autoeficácia é falha.
O mesmo ocorre no caso da pessoa que checa a porta inúmeras vezes. Sua ansiedade alivia momentaneamente, até que a dúvida retorne. Ao checar diversas vezes se a porta ficou trancada, reforça sua crença de que não pode confiar em si mesma.
Desse modo, quando temos um comportamento no intuito de aliviar um medo ou ansiedade, possivelmente estamos adotando-o para fugir da ativação de alguma crença negativa. No entanto, ele impede que a desconfirmemos e ainda acaba reforçando essa crença, fazendo com que fique mais forte e consistente.