por Eliana Bussinger
Existem dois tipos de contas a pagar: as malditas e as benditas. Entenda-se por benditas aquelas em que o custo não ultrapassam os benefícios fornecidos e malditas as que ultrapassam. Neste texto falarei das benditas.
“Bendita conta de luz!” dizia minha mãe cada vez que essa conta e também a de água eram entregues.
Ainda criança, eu a via sorrir genuinamente emocionada, ao assinar o recebimento dos papéis.
Eu, da minha parte, achava tudo aquilo muito estranho.
Como alguém poderia gostar de receber e pagar contas? Bem, o tempo me ensinou as razões. Hoje sou eu que acho 'benditas' certas contas que tenho que pagar.
A Internet, por exemplo, que rapidamente me transporta para mundos fascinantes, conectando-me com quem eu quiser, em qualquer lugar do mundo. É esse instrumento que também permite pesquisas instantâneas para qualquer assunto que meus filhos precisem para a escola. Através da Internet meus filhos podem falar com o pai deles que vive em um país longínquo, e cujo sistema de correio e telefonia sequer funcionam adequadamente.
A Internet, que me oferece centenas de serviços, mal ultrapassa 100 reais. Incrível! E a conta de luz? Mais ou menos no mesmo valor, idem.
Celulares e telefones fixos? Caros, sem dúvida. Mas quantos profissionais dependem dele (principalmente o celular) o tempo todo para trabalhar?
A comunicação está cara. Eu particularmente gasto muito com isso, a ponto de ser uma das minhas contas mais altas. Mas ainda assim, o benefício continua alto em relação ao que pago.
Quantos reais você paga pela água? Que bom poder pagar por ela, não é? Imagine o trabalho envolvido para que ela chegue na sua casa, devidamente tratada. Imagine que a sua qualidade de vida (familiar, afetiva, profissional) depende full time de todos os serviços acima.
Minha mãe compreendia isso muito bem. Ela cresceu em uma época em que as pessoas não tinham nada disso como certo e por isso apreciava tanto poder pagar por esses serviços.
Quantas contas são benditas no seu orçamento?
Examine cada uma das contas que você pagou no último mês, no último ano.
Pense também nas prestações que você está pagando. ou serviços que você deixou de pagar, porque achou que equilibraria seu orçamento.
Pense a respeito do quanto custou e quais os benefícios que você extraiu de cada uma delas. Esse é um exercício fundamental para conseguirmos equilibrar nossas finanças.