por Eliana Bussinger
“O quê é riqueza para você?”
A maioria das pessoas responde sem hesitar: saúde! E não se trata de saúde financeira, mas da saúde do corpo. Aliás, seria muito bizarro para qualquer palestrante ou pesquisador se alguém completasse ou adjetivasse a palavra saúde em se tratando dessa resposta.
A verdadeira riqueza é – para a maioria de nós – ser saudável. Simplesmente isso.
Não há como negar a honestidade dessa resposta nem a força que ela carrega. É na falta de saúde do corpo que residem nossos maiores medos: a morte, a dor, os sofrimentos e a dependência que, aliás, pode vir de muitos lados: da boa vontade dos parentes, de um bom seguro de saúde, de um novo avanço da medicina, da qualidade dos remédios, da previdência social, da providência divina e, obviamente, da saúde financeira: nossa, dos nossos parentes ou dos contribuintes. Afinal, alguém tem que pagar a conta.
Como a longevidade se alonga a olhos vistos, servida a quase todos nós nas poções mágicas de uma medicina que não pára de avançar e de uma sociedade que também se aprimora e evolui, reduzindo os risco de enfermidades com educação e saneamento básico, começamos (muito recentemente) a achar que essa conta pode ser grande demais para deixar em costas alheias. Melhor prevenir do que remediar. E a forma de fazer isso é cuidar da saúde do corpo e do bolso.
Diante disso, seria muito interessante se pudéssemos utilizar os escassos recursos de que dispomos de uma maneira mais eficiente. Ou seja, usar estratégias semelhantes, que nos poupassem tempo, energia e dinheiro para conquistar a liberdade de decidir o que queremos ser, onde queremos estar, o que queremos fazer e – tão importante quanto todo o resto – como e com quem queremos viver.
Ainda que isso seja muito sério (ninguém há de negar) nem tudo precisa ser árduo, sem criatividade ou sem humor. Começar cedo parece ser um dos primeiros passos para o equilíbrio em ambos os casos: a saúde do bolso e do corpo. Muitas das outras semelhanças entre as duas saúdes já habitam o nosso inconsciente desde os primórdios: disciplina, habitualidade e vigilância permanente são bons exemplos. Também não é novidade o fato de que as nossas possibilidades de sucesso aumentam, tanto na dieta alimentar quanto financeira, quando nos dispomos a buscar informações sobre o funcionamento do corpo e do mercado financeiro.
E não são apenas essas as semelhanças entre as duas saúdes. Veja algumas outras, entre tantas que poderíamos apontar:
1) Homens e mulheres precisam se alimentar de maneira diversa. Assim também ocorre com o dinheiro: as necessidades são diferentes, a maneira de lidar com o dinheiro é diferente, assim como as razões para poupar e investir.
2) A necessidade de diversificar ocorre nas duas áreas: alimentos e investimentos precisam estar calcados em “ingestão” diversificada.
3) Para haver um envelhecimento de qualidade é preciso cuidar das duas saúdes com atenção e carinho: de nada adianta ter dinheiro na velhice e não ter saúde, e a falta de dinheiro pode levar a sérios problemas, principalmente ao isolamento social do idoso.
4) Todas as decisões que tomamos nessas duas áreas possuem algum elemento de subjetividade: assim vale para a forma como nos alimentamos e também para a maneira como lidamos com o dinheiro. O poeta diria que o “importante é que emoções eu vivi”. E de fato, é assim que funciona quando se trata de comida e dinheiro. Muitas vezes são as emoções que determinam o que fazemos com o corpo e com o nosso dinheiro.
5) Compulsividade é algo que também está presente nos dois campos. A compulsividade arruína as nossas saúdes. Ambas, pode apostar!
6) Dinheiro e alimentação são assuntos que não podem mais ser evitados dada a importância que assumiram nos dias de hoje. É preciso confrontar o medo de colocar tais assuntos para serem discutidos em família. Quando todos da família estão envolvidos as chances de sucesso (financeiro e alimentar) são muito maiores.