por Lilian Graziano
Assim como tento promover o florescimento humano por meio da Psicologia Positiva, procuro eu mesma oferecer o melhor de mim em tudo o que faço. Sair da curva da normalidade e atuar com o que acredito, buscando uma zona de excelência bem distante de qualquer mediocridade (para mim e meus pacientes, alunos etc).
Como psicóloga, caro(a) leitor(a), você poderia concluir que esse meu “funcionamento” nada mais é do que uma obrigação, o único caminho a seguir. Pois digo que, infelizmente, não é o único que existe, diante de um legado que cura doenças, mas que, ainda, somente “apara arestas” em desenvolvimento humano, muito longe de promover crescimento pleno e felicidade.
Mas devo reconhecer que isso não é apenas reflexo de meus estudos e da abordagem que escolhi para meu trabalho. É, também, uma crença pessoal que construí, com a qual muito colaborou o notável escritor Rubem Alves. Rubem, psicanalista (como ele se intitulava) e educador, tinha alma de poeta, e deixou recentemente o mundo das Letras na Terra para abrilhantar outras paragens com seus sábios escritos.
Na verdade, apaixonei-me por Rubem Alves ainda na faculdade, quando li um de seus primeiros livros. Lembro-me de ter ficado tão maravilhada que, simplesmente, saí comprando tudo o que ele havia escrito até então. Foi ele quem me deu um grande conselho e que sigo até hoje.
Busquemos aquilo que temos de melhor e único
Em minha trajetória na vida e na profissão, suas orientações, somadas ao conhecimento que adquiri, fizeram-me reconhecer minhas forças pessoais (saiba mais) e virtudes, e fazer com que meus pacientes, alunos, encontrassem suas próprias qualidades. Sempre pensando que, afinal, colocando em prática esses “recursos”, em cada uma de nossas ações, estaríamos todos “derramando” nossa essência em cada passo. Aquilo que temos de melhor e único (o que por si, nos afasta da normalidade dos projetos “enlatados” de felicidade, e nos faz buscar significados singulares para nossa vida).
Foi quando, no final do 4º ano do meu curso de Psicologia, precisava escolher uma linha teórica a seguir, e resolvi fazer o que seria a única “tietagem” de minha vida: escrever uma carta para Rubem Alves perguntando-lhe qual delas escolher. Sua resposta (sim, ele teve a delicadeza de responder) foi excelente: Dentre outras coisas, ele encerrava sua carta com uma sábia advertência: “Nunca se esqueça de que somente as mulas andam em trilhas”. A partir de então, meu carinho por esse autor aumentou.
Desde a carta de Rubem, busco meu caminho na singularidade de minhas características, mesmo que seja um caminho solitário. E estimulo outros a fazer o mesmo. Sair da trilha, como o escritor bem me ensinou, nas entrelinhas, é algo essencial para ser feliz.