por Arlete Gavranic
“… acomodação promove afastamento ao invés de criar aproximação…”
Quando atendo casais, ou mesmo pessoas se preparando para a vida conjugal, observo posturas muito interessantes…
Homens e mulheres adoram viver a fase da conquista; sabem ter comportamentos sedutores; pensam no momento a dois; planejam esses momentos em suas cabeças, seja uma viagem, um jantar ou um filme sedutor no sofá de casa. Capricham no visual, no banho e no perfume.
Mas estranhamente isso tudo acaba na vivência de muitos casais. E aí começo a observar a postura de alguns frente à vida conjugal ou à formalização do casamento.
Observo com muita frequência um comportamento de “pouco cuidado” consigo próprio e com o outro. A atenção cuidadosa de ligar, de mandar uma mensagem carinhosa ou picante, de fazer coisas que agradem e seduzam o outro parece se perder. Isso muitas vezes acontece com a chegada do primeiro filho, mas também ocorre sem essa interferência.
O que observo e chamo de “pouco cuidado” consigo próprio diz respeito a cuidados com a higiene pessoal: aquele banho gostoso e cheiroso quando chega do trabalho para estar com o outro, escovar os dentes, depilar-se, lavar e pentear o cabelo; além de cuidados com a estética corporal.
Também me refiro a cuidados como estar bonito(a) para estar com o outro, pois muitos passam a viver o uniforme do pijama ou da roupa básica, muitas vezes desengonçada, de ficar em casa. Como se a vida só valesse o esforço de se arrumar e se produzir para estar no mundo e não com seu parceiro (a).
Essas atitudes demonstram – na minha leitura – como se a rotina da vida a dois tivesse que perder o lado do enamoramento, muitas vezes em um tempo que considero muito curto: em um ou dois anos já surgem queixas de desinteresse sexual. É como se no entender psicoemocional dessas pessoas o casamento, por si só, já desse “garantia” que dispensaria tantos investimentos.
“O que Deus uniu o homem não separa”, ou a ideia de “até que a morte os separe” proporcionam a muitos casais uma acomodação que promove afastamento ao invés de criar aproximação, cumplicidade, envolvimento e desejo.
Já os casais que continuam a alimentar uma postura de enamoramento e investem em cuidados pessoais, na sedução do outro, em momentos de intimidade, em criar situações ou aproveitar pequenos momentos com uma energia prazerosa… parecem acreditar na necessidade desse investimento constante e mútuo. Eles são motivados pela ideia: “que seja eterno enquanto dure”, e por isso não se acomodam, desejam continuar enamorados e investem nessa cumplicidade sedutora e afetiva.
Você já pensou qual tipo de pensamento tem mobilizado seu estilo ou jeito de viver seu relacionamento?