Por Samanta Obadia
Existem momentos na vida em que pensamos que vamos enlouquecer ou que já estamos loucas. Aí vem uma amiga e diz: “Miga, sua louca!” E você começa a rir e vê que não há nada de ruim em ficar um pouco louca, para variar. Que é possível sair do prumo e estranhar-se um pouco. E daí? É tão bom poder surpreender-se consigo, fazendo o inesperado.
A vida séria nos cobra reclamações, atitudes padronizadas ditas corretas, como se determinar o certo e o errado fosse simples. Prendemo-nos às ilusões estanques e a magia se perde. A vida fica chata e sem graça, onde gargalhadas e palavras soltas não são bem-vindas.
Temos de comer o saudável, respirar pelo nariz, manter a coluna reta e almoçar sem apoiar os cotovelos na mesa. Nada de se lambuzar ou falar bobagens. Brincar, nem pensar. Desse jeito, nos engessamos e ficamos, literalmente, insuportáveis para nós mesmos.
Vida é movimento, é encantamento, é novidade. É preciso deixar fluir o presente, rir e chorar sem medo de ser julgado, falar o que o coração sentir, parar de pensar nos movimentos do corpo para que ele possa expressar o que é sem travas. Como resume bem, o escritor Paulo Coelho, “Isto é a liberdade: sentir o que o seu coração deseja, independente da opinião dos outros”.
Partilhar com amigos e amigas nos traz essa luminosidade, essa fluidez, esse gotejar no oceano de emoções que se atualizam sem tempo para fotos ou filmagens. Os melhores momentos são os que ficaram gravados em nossas almas, que não estão fixos em nenhum lugar, porque passaram por nós, arrepiando nossa pele, fazendo nossos ombros relaxarem, nos deixando leves por hoje. Voltamos a um tempo jovem, infantil ou adolescente, onde nossa autoridade externa e interna nos abandona, e nos permitimos ser felizes sem direção, sem objetivo, sem lugar algum para chegar.