por Renato Miranda
Tanto no esporte, como na vida cotidiana, ao considerarmos a motivação como energia psicofísica que dá intensidade a nosso esforço para atingirmos nossos objetivos, podemos dizer que este é o fator de nossas vidas que dá início, dirige e integra nosso comportamento. Portanto, tudo aquilo que fazemos, com menos ou mais intensidade, do início ao fim da atividade depende do nosso nível de motivação.
A qualidade dessa energia – motivação – tem duas origens: intrínseca e extrínseca.
Motivação intrínseca
A primeira, motivação intrínseca é chamada também de pessoal ou inconsciente visto que essa representa o desejo interior para atingir algum objetivo ou satisfazer determinada necessidade. É a força psíquica que todos nós possuímos que nos leva empenharmos em uma atividade por vontade própria sem termos exata consciência daquilo que acontecerá na prática. Isso explica o motivo de escolhermos praticar um esporte, por exemplo, sem sabermos exatamente o porquê dessa escolha, mas não resistimos à atração e vamos em busca de algo que nem imaginamos direito o que é. Pergunte a um garoto futebolista, por que ele gosta de futebol, possivelmente você terá uma resposta lacônica do tipo: “Por que eu gosto!”.
Motivação extrínseca
A motivação extrínseca, por outro lado, é caracterizada por fatores externos, e é reconhecida também como motivação ambiental ou consciente. São fatores com conteúdos objetivos representados no esporte, por exemplo, por troféus, elogios, bolsas de estudo, equipamentos adequados, bom programa de treinamento e salários. Para todos esses fatores terem seus efeitos motivacionais pretendidos é necessário considerar a avaliação subjetiva daquele que está envolvido na atividade. Assim, aquilo que pode ser muito motivante para uma pessoa para uma segunda pode não ter o mesmo impacto. É por isso que não existe música ou equipamento motivador, o que existe é uma tendência motivadora.
Ao avaliarmos a tipologia da motivação descrita acima, é notório que a interação dos fatores pessoais (motivação intrínseca) e fatores ambientais (motivação extrínseca) é que compõem um bom nível de comportamento motivado. Como “matéria-prima” ou base da motivação, a parte intrínseca é pré-requisito para qualquer ação, no entanto a parte extrínseca é fundamental no sentido de auxiliar a manter o comportamento motivado.
Dessa forma, na prática de exercícios físicos e esportes, os fatores da motivação extrínseca necessitam ser valorizados e utilizados adequadamente pelas pessoas envolvidas como treinadores, pais e dirigentes, pois podem colaborar na manutenção e na modificação positiva do comportamento dos atletas. Esses, portanto, não podem depender unicamente de fatores internos para se motivarem a treinar durante longas horas.
Nesse pensar, imaginemos um atleta de natação que se submete a várias sessões de treinamento diariamente. Além de estar intrinsecamente motivado, fatores externos como o reconhecimento da família, da escola, estrutura de treinos e auxílio ou patrocínio financeiro o auxiliariam a manter o comportamento motivado para o rendimento. Por outro lado, quando alguém é submetido a um programa de exercício físico e/ou esportivo um bom nível de motivação está associado diretamente com a compatibilidade entre a dificuldade da tarefa com a capacidade pessoal do praticante.
Em conseqüência, quando o desempenho é demasiadamente fácil, produzirá tédio nos praticantes. Quando o nível de exigência é muito alto, teremos como resultado um comportamento ansioso. No entanto, quando o desempenho é determinado por um ritmo compatível (equacionado!) de complexidade, há um caráter de novidade presente em questão que estimula a melhoria do rendimento. É desejado então, buscar uma complexidade facilitadora das tarefas nas atividades para produzir motivação.
Em resumo:
Tarefa fácil: tédio
Tarefa difícil: ansiedade
Tarefa equacionada: motivação
Um dos fatores responsáveis pela manutenção de um nível ótimo de motivação é a capacidade psíquica das pessoas para a realização da tarefa ou do treinamento proposto (atletas, no caso do esporte e demais pessoas no caso do exercício físico). A capacidade para a execução de uma tarefa é verificada na medida em que a atividade a ser realizada é mantida por um determinado período de tempo. Nessa capacidade psíquica para a tarefa, há os fatores intervenientes externos (estrutura informativa das tarefas a serem realizadas e as características do meio de convivência) e internos (nível de desempenho, estabilidade emocional e características individuais).
Outro fator que deve ser considerado fundamental é o nível de prazer que a pessoa usufrui praticando determinada atividade. O desenvolvimento do prazer certamente levará a pessoa (atleta ou praticante de exercícios físicos) a melhor suportar o processo de treinamentos, conseqüentemente um melhor rendimento será observado. A melhoria constante desse rendimento aumenta a percepção do nível de conquistas pessoais e leva o atleta a obter um maior nível de fatores intrínsecos e extrínsecos da motivação.
Para uma ótima motivação a fim de melhorar o rendimento nos programas de treinamento esportivo e exercícios físicos aconselho seguir os seguintes passos:
1) Ter a clara percepção que seu esforço é produtivo. Ou seja, sua dedicação à atividade vale a pena;
2) Manter sempre uma ótima concentração na tarefa. Quanto melhor concentrado maior é a tendência de se manter motivado;
3) Estabelecer objetivos claros de desafios e compatíveis com a capacidade psicofísica pessoal;
4) Desenvolver autocontrole. Tanto no aspecto de controle da excitação emocional como no controle de execução da tarefa, em outras palavras dominar a exigência motora com calma.