Por Leila Navarro
Há algum tempo visitei o Palácio Real de Madrid, na Espanha, e tive o privilégio de entrar no Jardim Real, um fascinante labirinto formado por plantas viçosas, flores que exalam perfume agradável e pequenas fontes. Até então, conhecia labirintos apenas em filmes e fotos. Quando me deparei com essa oportunidade, não pensei duas vezes e logo topei a aventura! Impressionada, percorri despreocupadamente por diversos caminhos até que me dei conta de que estava há muito tempo naquele lugar e não havia encontrado a saída. Àquela altura, restavam duas alternativas: definir uma estratégia para sair por conta própria ou esperar que alguém notasse a minha ausência e viesse me resgatar.
Lembrei-me desse fato enquanto conversava com uma amiga, poucos dias antes do seu aniversário de 40 anos. Ela é uma mulher bonita, independente, tem uma carreira admirável e definida, porém, está perdida quanto ao seu propósito de vida. Exteriormente, tudo parece muito bem estruturado em sua vida, mas, ao desabafar comigo sua insatisfação, anseios e dúvidas, percebi que ela vive num verdadeiro labirinto emocional de baixa autoestima. Apesar de ter conquistado estabilidade na profissão que exerce, ela busca alguma atividade para se entregar por inteira, ter prazer, paixão e ainda ganhar muito dinheiro. Lamentável perceber que no auge de sua maturidade, ela ainda está perdida, sem saber qual é o seu sentido de vida.
Por conta da minha carreira como palestrante motivacional, tenho me deparado com homens e mulheres aparentemente bem resolvidos, mas, muitos só de fachada. No íntimo, estão cativos à zona de conforto, vivendo no piloto automático, sem ter claro o que realmente desejam da vida e, ainda, com medo de experimentar qualquer tipo de mudança. Para essas pessoas, se aventurar nos labirintos da vida, jamais! No meu recém-lançado livro “Virar o jogo – como agir no mundo das incertezas”, eu enfatizo que estamos num tempo em que não dá para esperar um plano bem-sucedido pronto e bem estruturado, seja na vida pessoal, na carreira, nos relacionamentos ou nos negócios. Com a velocidade de tudo que nos cerca, também não dá para perder tempo com tentativas impensadas. É preciso provocar ou corresponder às mudanças para acompanhar o ritmo acelerado das transformações em todas as áreas.
Naquela circunstância, perdida no labirinto, tive a ideia de marcar os lugares que já havia passado. Uma estratégia simples, mas altamente eficaz. Cada trilha percorrida eu sinalizava com um arbusto. Se passasse ali novamente, saberia que aquele acesso não me conduziria ao meu propósito: sair daquele lugar. Foi dessa forma que, em poucos minutos, encontrei a saída que havia procurado por muito tempo. Trazendo isso para a realidade do mundo moderno, enquanto alguns profissionais tomam a iniciativa de começar um novo ciclo, fazer novas tentativas, desenvolver habilidades, exercitar competências, outros seguem repetindo as mesmas ações, os mesmos comportamentos, obtendo os mesmos resultados e reclamando das mesmas coisas.
Existe uma nova ordem para manter-se vivo e fluir em todas as áreas da vida nessa geração. Saber encontrar as saídas dos próprios labirintos e enfrentar o mundo de incertezas está diretamente ligado à capacidade de virar o jogo, seja em que situação for. Para cada oportunidade, existem infinitas possibilidades. Você pode criar uma estratégia para descobrir e viver plenamente o que faz sentido para a sua vida ou se acomodar, reclamar e chorar. Tenho observado que são mais felizes e realizadas as pessoas que mantêm a visão ampliada, têm mente aberta e ousadia para experimentar as aventuras e as incertezas que nos propõe a vida em pleno século XXI. Pense nisso!
Fonte: Leila Navarro é empresária, autora de mais de 10 livros e palestrante