por Gilberto Coutinho
No texto anterior (clique aqui), falei sobre os tratados do ayurveda.
A Medicina Tradicional Chinesa, em muitos aspectos, assemelha-se com a Medicina Tradicional Indiana – Ayurveda.
Tive a oportunidade de estudar, em momentos diferentes, essas duas grandes e importantes medicinas orientais, e isso me possibilitou comprovar aquilo que alguns pesquisadores e estudiosos já haviam constatado: a semelhança entre essas duas ciências milenares.
Desde que iniciei os estudos na área terapêutica, sempre nutri a curiosidade e o interesse de aprofundar os conhecimentos sobre a história que marca o nascimento e desenvolvimento dessas duas sábias medicinas ao longo do tempo. Conhecer a respeito de nossos antepassados (como viviam, a subsistência, seus hábitos, tradições, o que pensavam etc.) possibilita também conhecer bastante de nós mesmos. Voltar ao tempo não é algo muito fácil, nem mesmo para os renomados e habilidosos historiadores e arqueólogos; principalmente, quando se trata de milênios de anos atrás.
Vários questionemantos vem à tona.
Qual dessas duas medicinas nasceu primeiro. Ou seja, qual delas é a mais antiga, de que modo nasceram, como os nossos antepassados adquiriram refinados conhecimentos terapêuticos e filosóficos, quem contribuiu para o nascimento de quem?
O nascimento de uma das medicinas não foi decisivo para o surgimento da outra?
Qual conhecimento médico e filosófico de uma das medicinas favoreceu o aperfeiçoamento da outra?
Qual é a importância dos grandes yogues da antiga Índia no desenvolvimento do Ayurveda e da filosofia de modo geral?
Há registros de que num passado longínquo, os chineses tenham estado na Índia para aprender medicina com os grandes sábios e médicos indianos?
Quais conhecimentos ou registros médicos os chineses levaram consigo ao retornarem à China?
No passado houve intercâmbio dos conhecimentos filosóficos e médicos entre essas duas culturas?
Quais conhecimentos médicos e filosóficos os chineses aprenderam com os monges Budistas indianos, quando esses chegaram à China?
O que os indianos aprenderam com os mestres chineses, se a acupuntura também era praticada na Índia, há milhares de anos, pelos médicos ayurvédicos?
Como eram os instrumentos cirúrgicos desenvolvidos pelos antigos cirurgiões indianos há milênios?
Essas questões que ainda não podem ser plenamente esclarecidas sob a luz da verdade.
Entretanto, tais questionamentos são indispensáveis para a ciência. Assim como para os filósofos, a ciência jamais deve deixar de questionar e buscar a verdade e, talvez, a possível conclusão possa também ajudar abrandar um pouco das infindáveis indagações.
Seja qual for a resposta, obviamente, ela não pode e nem deve afetar o valor cultural, histórico, tradicional e científico que cada uma dessas duas grandes e milenares medicinas representa para toda a humanidade.
Cada medicina tem o seu valor, a sua beleza e a sua história; assim como cada ser humano, elas são, definitivamente, singulares. É sabido que o verdadeiro conhecimento liberta, ajuda o homem a se conhecer melhor e aperfeiçoar-se.