por Lilian Graziano
E eis que, em busca de maior qualidade de vida, vemos a necessidade de um auxílio para alcançá-la, o que no caso da Psicologia Positiva (PP), pode vir em forma de psicoterapia ou coaching.
Falemos primeiro desse último processo, utilizado para atingir objetivos pontuais, e que é tão debatido quanto amado pelos clientes, pelos rápidos resultados que proporciona. Comecemos por explicar o coaching e adentrar um pouco as discussões nas quais essa prática está envolvida e como ele funciona com base na PP.
Em primeiro lugar, deixemos de lado qualquer preconceito: quem pensa no processo de coaching como mais um produto de marketing de autoajuda ignora seu poder de transformação embasado em intervenções muitas vezes semelhantes à psicoterapia (portanto amplamente reconhecidas, também no caso da prática baseada em PP). Ignoremos assim os maus profissionais, que existem em todas as áreas e os quais não são parâmetro para definir uma abordagem cuja construção tem fundamento reconhecido.
O que ocorre com o coaching é uma reorganização do indivíduo, no sentido de auxiliá-lo a implementar mudanças comportamentais definitivas, relacionadas ao cumprimento de um determinado objetivo (ou vários). E o acompanhamento das ações estabelecidas para o alcance dessa (s) meta (s), no sentido de tornar essas ações mais efetivas.
Na Psicologia Positiva, todo esse trabalho é baseado no reconhecimento dos recursos (forças pessoais – veja aqui) do indivíduo para a transposição dos desafios que significam as metas e objetivos do processo de coaching (esses importam mais do que as deficiências ou queixas comumente tidas como o empecilho para o cumprimento das etapas determinadas).
Em segundo lugar, abandonemos uma crença comum: um engano frequente é ver o coaching como uma ferramenta voltada apenas para o desenvolvimento da liderança em executivos, às questões corporativas. Mas ele não é exclusivo para esse fim e pode ser aplicado às diversas esferas da vida.
Em terceiro lugar, cabem as perguntas: por que precisamos desse auxílio?
Por que os coachs (profissionais que aplicam o coaching), nos fazem perguntas que parecem tão óbvias, utilizam ferramentas tão lúdicas e, finalmente, por que tudo isso parece não ter relação nenhuma com o que esperamos desse processo? Cabe aqui, ainda, outra pergunta: por que determinadas mudanças não ocorrem – ou ocorrem bem mais lentamente, sem a ajuda profissional?
As respostas aqui podem se resumir a um único exemplo: quando perguntamos a um cliente "o que o trouxe aqui?", uma pergunta simples, cuja resposta deveria estar na ponta da língua, o que volta para o coach é um emaranhado de "porquês" incorporados pelo cliente ao longo de uma vida – e muitas vezes esses não aparentam ser a verdadeira razão desse pedido de ajuda, a busca pelo auxílio de um especialista. Cabe ao coach decifrar essa teia e, quando os porquês se revelam outros, todas as ferramentas utilizadas no coaching são para identificá-los com maior precisão e internalizar, no indivíduo, por meio da palavra e das vivências as reais razões pelas quais ele deve empreender mudanças, ou aquilo que, de fato, não precisa ser modificado.
Por fim, o que nos parece óbvio, muitas vezes não é de nossa natureza: nossa autoimagem muitas vezes é constituída de características e falhas que acreditamos ter e não necessariamente temos. Estar em um processo de coaching auxilia o indivíduo a formular uma imagem verdadeira de si (sobretudo com a ajuda da Psicologia Positiva , com o reconhecimento de suas forças pessoais).
Isso além de a prática ser um tempo obrigatório para o autoconhecimento, força o indivíduo a solucionar problemas de forma prática, visualizar com clareza suas metas, com a ajuda de seus melhores recursos para isso. O foco sai de eventuais bloqueios e mira em soluções práticas cujo objetivo é sempre transpor um obstáculo que emperra uma melhor qualidade de vida.
É incrível que precisemos de auxílio e desse tempo obrigatório para refletir sobre nós mesmos, sobre metas e objetivos. Fora do processo de coaching positivo, a recomendação é a busca pelo autoconhecimento, sempre, e com o foco da Psicologia Positiva: reconhecer em si os melhores recursos que podem ser empregados em cada ação a que nos propomos, em todos os âmbitos da vida.
Mas, se algo não dá certo, por que não experimentarmos o processo e nos entregarmos ao autoconhecimento orientado por um coach?
Lembremos que, abrirmo-nos para o novo é fundamental no exercício de emoções positivas e todo o resto decorre dessa simples atitude, despida de qualquer julgamento e dotada de toda curiosidade e interesse pela VIDA.