Por Ângelo Medina
Outro dia conversando com um amigo, ambos em crise existencial, já percorremos talvez 2/3 de nossas vidas, questionávamos sobre qual seria o real sentido da vida.
Entendíamos dessa forma que a maioria de nós centraliza (mobiliza!) quase integralmente todos os movimentos do cotidiano com o objetivo único de pagar contas.
A poucos metros de onde estávamos, havia um morador de rua conhecido por nós. Ele se chama Wanderley: sua aparência decadente e mendicante não conseguiu ocultar o "brilho" desse cara antenado, culto e carismático. Há pelo menos uma década, durante o dia, ele faz ponto naquele local, e à noite, dorme pelas marquises da cidade.
Wanderley não dá pelotas para o dinheiro. Com sua verve, às vezes, consegue amealhar gordas gorjetas de transeuntes bem-sucedidos. Certa vez um sujeito puxou da carteira R$300,00 e deu para ele. O que Wanderley fez? Comprou duas camisas caras na loja ao lado e deu para a primeira pessoa que lhe deu na telha.
Fonte interior e inesgotavel de riqueza
Para uma pessoa que vive constantemente a um passo da beira da fome, Wanderley é um homem abundante e extremamente rico. Ele CONFIA plenamente na sua Fonte interior e inesgotável de riqueza e TEM CERTEZA que o Universo SEMPRE vai suprir suas necessidades. Ele simplesmente segue o fluxo da vida com total desapego e carrega consigo o que é simplesmente essencial: viver… Ele busca seu bem-estar no modo de vida que entendeu como o ideal para torná-lo um Ser pleno (integral), como uma criança que simplesmente desfruta tudo de bom do que uma simples circunstância pode lhe oferecer; um deleite vindo muitas vezes das “coisas mais banais”.
Wanderley não vive com o medo, a dúvida e a opressão em relação ao futuro, que acomete boa parte de nós… Sem casa, contas a pagar, ou sonhos de consumo dessa era hipermoderna, ele vive melhor que boa parte de nós. Ele vive o único momento que existe: o momento presente, carregando em sua cesta de carga o estritamente necessário: a paz consigo mesmo. Quanto ao resto: ele jogou “tudo” fora.
Seria bom refletirmos sobre quais fardos realmente precisamos e devemos carregar.
Transcender ao mundo terreno dos boletos, e lá no alto, no Céu, vislumbrar uma percepção da vida que pode nos preencher muito mais… Ela está lhe esperando… Permita-se, seja receptivo…