Separação gera dúvidas no aspecto emocional

por Rosemeire Zago

Durante o processo de separação, que quase sempre é doloroso e, mesmo depois que tudo já tenha passado, como comunicação aos filhos, família, amigos, divórcio, partilha de bens, elaboração do luto e tudo mais que possa estar envolvido, é comum ainda haver muitas dúvidas sobre o aspecto emocional. Como retornar aos amigos, à vida? O que fazer com todos os sentimentos gerados?

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É importante que tenha elevado seu autoconhecimento através do processo de uma psicoterapia e de muita leitura, e assim, aprendido a se conhecer melhor. É também importante compreender os motivos que fizeram a relação acabar, conseguindo elaborar a separação e a enfrentar os momentos de solidão, que quase sempre são inevitáveis. A esta altura é esperado que tenha aprendido que deve contar acima de tudo consigo mesmo, independente das situações, não deixando de olhar para você e nem de respeitar suas necessidades. Esse é o momento para se conhecer, ser inteiro e assim se manter, não se perdendo nem se abandonando mais.

Antes de qualquer outro envolvimento, tenha certeza se está preparado e tenha muito cuidado em suas escolhas. De que maneira você tem escolhido seus relacionamentos? Com a emoção ou com a razão? O ideal é que haja um equilíbrio entre ambas, estando muito consciente com quem e por qual motivo estará se envolvendo com alguém neste momento, estando atento a qualquer carência que possa estar dirigindo suas ações.

Lembre-se que muitas vezes nossas escolhas estão relacionadas à maneira que aprendemos e sentimos o amor na infância e pelo modelo de relacionamento que vivenciamos de nossos pais. Qual a referência de relação afetiva que registrou de quando era criança? Com certeza isso poderá interferir nas suas escolhas futuras. Necessidades insatisfeitas por causa de pais distantes, ausentes, omissos ou superprotetores podem gerar carências, buscando muitas vezes relacionamentos com pessoas com o intuito de preencher essas carências anteriores, confundindo carência com amor, que em geral leva a relacionamentos dependentes, sem avaliar muito bem com quem irá se relacionar, buscando apenas ter alguém.

Analise se não está em busca de uma pessoa apenas por sentir dificuldade em lidar com sua solidão. Caso tenha aprendido a lidar com esses momentos, valorizando sua própria companhia estará mais preparado para outro relacionamento. Deve se perguntar ainda: "Quero alguém para dividir a vida, trocar, ou para satisfazer minhas necessidades?" Responda a si mesmo.

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Dependendo como foi o último relacionamento e o motivo pelo qual acabou, pode deixar como seqüela o medo de relacionar-se, e o que deveria ser um tempo necessário de reconstrução passa a ser um refúgio que o faz evitar qualquer possibilidade de algo mais sério. Se for o caso, repense sobre seus sentimentos e os motivos reais para continuar sozinho.

Procure ainda explorar ao máximo tudo que aconteceu nesse relacionamento que acabou para que você evite repetir os mesmos erros. O que aprendeu? Só entendendo o que passou poderá evitar de repetir o mesmo padrão de relacionamento, do contrário poderá atrair o mesmo tipo de pessoa. O que quer daqui para frente para você? O que espera de um relacionamento diante de tudo que viveu até hoje? Sente-se mesmo preparado para um novo relacionamento e tudo que requer? Tudo isso exige muito trabalho, mas vale a pena, pois se trata de sua vida.

Agora que já reformulou seu conceito de amor, entendeu o que houve, rompeu com um passado que tanto machucou, entrou em contato com seus sentimentos e suas necessidades e está mais consciente do que não quer mais para você, e principalmente aprendeu a se amar, poderá se abrir para um novo relacionamento. Ao pensar em uma relação qual seria o ideal de relacionamento para você? O que não quer mais? Daqui para frente quais são seus objetivos?

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Decida o que realmente precisa de um relacionamento. Analise o que lhe faz feliz. Entre em contato com o que quer e procure ser coerente com seu desejo, e tenha cuidado com as concessões. Claro que não encontrará alguém perfeito, pois isso não existe, mas busque relacionar-se com alguém o mais próximo dos seus valores, objetivos, para que lá na frente, o que foi concessão hoje, não seja motivo de mais uma separação. Esteja aberto para compartilhar, trocar, sem idealizações.

Filhos

Depois de todo esse processo e de ter encontrado alguém, é muito comum se deparar ainda com a não aceitação dos filhos perante o novo companheiro da mãe e/ou do pai. Pode haver resistências, cobranças e a dificuldade dos filhos em aceitarem. É importante que os filhos respeitem a decisão de quem está começando outro relacionamento, seja o pai ou a mãe, como também fazer essa aproximação aos poucos, ouvindo seus temores, fantasias e expectativas e tranqüilizando-os que não serão abandonados e nem deixarão de serem amados, dando-lhes tempo para adaptarem-se com a nova situação.

Impedir de se relacionar porque o filho não quer, é responsabilizá-lo no futuro por sua infelicidade e nenhum filho deseja que seus pais sejam infelizes, ainda que a princípio não aceitem. No futuro poderão se sentir culpados da solidão dos pais e seus devedores, tornado-se emocionalmente dependentes. É comum o filho sentir medo, inconscientemente, de perder o afeto e o amor, podendo ver na nova pessoa uma ameaça ao amor que o pai ou a mãe tem por ele. Quem lhe garante que este também não vai embora? Isso acontece mais quando ainda são pequenos, pois quando adultos sentirão que um pai e/ou mãe tranqüilos, felizes, com vida afetiva satisfatória é a melhor garantia para a harmonia de todos.

Enfim, quando uma relação termina é importante:

– identificar e entender os motivos pelo qual a relação terminou;
– identificar os sentimentos que ainda nutre pela pessoa que se separou;
– saber o que deseja de um relacionamento;
– não confundir carência afetiva com amor;
– aprender a enfrentar os momentos de solidão até que consiga sentir prazer em estar em sua própria companhia;
– aprender a cuidar de si mesmo;
– respeitar os próprios sentimentos;
– suprir suas necessidades emocionais;
– estar atento à repetição de padrão;
– preparar os filhos para receber outra pessoa;
– fazer uma psicoterapia para elevar seu autoconhecimento;
– amar-se;
– estar disposto a começar um novo relacionamento baseado na troca, respeito, amizade, cumplicidade, verdade, fidelidade, admiração, e acima de tudo, muito, muito amor!

Estando consciente de que nenhuma união irá satisfazer todas suas necessidades e que é importante antes de amar alguém, se nutrir de seu próprio amor, poderá viver seu novo relacionamento sem medos, mas com a certeza de que está se permitindo ser simplesmente feliz!