por Ceres Alves de Araujo
Vivemos tempos, nos quais são frequentes as separações e também as reconstituições nas famílias. Se anteriormente, os pais, cuja conjugalidade já não mais existia, permaneciam juntos em função dos filhos ou pelo menos até o crescimento deles, hoje isso tende a não mais ocorrer. Permanecer juntos apenas em função dos filhos, não é necessariamente bom, pois viver no velório de um casamento que não mais existe, não faz bem para os filhos. As crianças em um ambiente tenso e com brigas, manifestas ou veladas, poderão viver um estresse crônico e irão aprender relações mais hostis que amorosas.
Mas, a separação é sempre vivida pelos filhos como trauma pelo menos inicialmente e depois como desconforto, pois dividir-se entre os pais e entre as casas dos pais não é tarefa fácil em nenhum sentido. Porém, cumpre ressaltar que muitas vezes as pessoas se tornam melhores mães e melhores pais, em função de precisarem cuidar pessoalmente dos filhos e por estarem já distantes dos conflitos conjugais.
Cada família e cada pessoa dentro da família reage de uma forma diferente e não existem muitas regras gerais, sendo difícil fazer julgamentos de valor em relação às separações.
A reconstituição do casamento por um ou pelos dois genitores, pode trazer para os filhos, novos e mais amorosos modelos de par, isto é, de pessoas que se gostam, além de padrastos ou madrastas que poderão ajudar na criação deles. Tem-se uma família que pode ser chamada de família mosaico, onde muitos avós também podem se agregar.
Entretanto, por vezes, o primeiro filho é penalizado na situação. Quero aqui falar de um tipo de reconstituição de família, onde após algum tempo da separação do casal, que tinha uma criança, novos casamentos foram feitos e mais dois filhos, um de cada um dos genitores, nasceram.
Com o passar do tempo, tem-se então nessa família, um adolescente e dois meio- irmãos de menos de 5 anos. O adolescente tornou-se uma pessoa impar nessa família e pode sofrer com tal situação. É difícil mesmo ser pai ou mãe de um adolescente e ao mesmo tempo de uma criança na primeira infância e lembrar que as necessidades dos dois filhos são completamente diversas.
Com alguma frequência, o adolescente fica um pouco negligenciado frente às necessidades próprias da idade e desconsiderado em termos de suas características específicas. Dentre as queixas deles, pode-se citar: o não poder sair e fazer programas com os amigos, pois têm que acompanhar as famílias nos programas específicos delas, alternados; o precisar tomar conta dos irmãos para que o casal possa sair; o não conseguir algum programa só com o pai ou só com a mãe, pois os cônjuges desejam estar sempre juntos e mesmo com a família reunida.
O adolescente não atendido em suas necessidades básicas ou que se acredita desconsiderado, poderá buscar chamar atenção dos pais por meio de condutas inadequadas, que são altamente eficientes para chamar a atenção. Dentre tais condutas, pode-se nomear: ir mal na escola, mostrar-se desinteressado em relação a tudo, revoltar-se contra os pais e os irmãos, não obedecer ordens, mentir etc.
A reconstituição das famílias, portanto, é altamente desejável, pois a vida precisa continuar com os pais exercendo vários papéis. Mas, mesmo em prol dos novos papéis, é muito importante levar em consideração as necessidades dos filhos em suas idades específicas.