por Antônio Carlos Amador
“Não há crescimento pessoal numa vida sem erros.”
Frequentemente, pessoas que experimentaram recentemente uma separação amorosa se encontram imersas em sentimentos diversos e contraditórios, como culpa, dúvidas sobre suas possibilidades pessoais e até mesmo tendências autodestrutivas. Elas podem até mesmo se considerar derrotadas na vida, inseguras no trabalho, nas amizades e principalmente nos relacionamentos íntimos, sentindo-se como se estivessem permanentemente num tribunal, submetidas ao julgamento de todos.
Uma situação como essa demanda cuidados, pois resulta em ansiedade e num estado de ânimo fragilizado. É necessário buscar o equilíbrio, através do desenvolvimento das próprias potencialidades, tendo como meta alcançar uma vida plena.
Ninguém pode abrir mão de alguns aspectos existenciais se quiser sentir-se relativamente satisfeito em sua vida: saber aceitar-se como é e dar a devida prioridade aos próprios sentimentos e desejos. Ocorre que isso é muito difícil de conseguir quando se teve uma educação que enfatiza o oposto: o sacrifício pessoal, a negação de si, a busca exclusiva de ideais abstratos e até mesmo uma falsa concepção de altruísmo.
As pessoas tendem a reprimir suas exigências mais profundas, a acumular obrigações, submetendo-se a pesados sacrifícios. E então, quando passam por uma separação, sentem-se inadequadas, insatisfeitas, frustradas e até hostis ao mundo e aos outros.
É preciso distinguir os sentimentos e as necessidades que nos animam daqueles que, apesar de parecerem nossos, na realidade são impostos por papéis culturais e sociais preestabelecidos. Também é importante saber correr os riscos que se apresentam ao longo da vida, pois o medo de errar pode produzir paralisia e imobilidade. Não há crescimento pessoal numa vida sem erros. Os erros servem para que possamos aprender.
Devemos impor-nos objetivos realistas, ao alcance de nossas possibilidades e capacidades, fixando novas metas somente depois de alcançar as anteriores. Não é adequado acumular coisas para fazer. Se observarmos nossos próprios avanços e tomarmos consciência deles (principalmente a diminuição de comportamentos autodestrutivos e os sentimentos de derrota) iremos nos sentir melhor.
Crises de imaginação
No final de uma história de amor muitas vezes nos sentimos acabados e inúteis. Nesses momentos não devemos esquecer que se trata sempre de crises da imaginação: estamos atravessando uma fase em que de repente faltam aqueles elementos que fazem com que nos percebamos vivos e jovens. Outras vezes, no entanto, isso funciona como álibi para descansar e sucumbir àquele impulso autodestrutivo de resignação que todos trazemos dentro de nós.
Ter medo do incerto, do inesperado e do que não se conhece constitui uma reação natural nos momentos de transtorno da própria vida. É preciso entender que se trata de um temor da vida enquanto tal e não de um medo fundado e determinado pela situação real.
Podemos considerar a situação na qual vivemos como consequência das nossas opções de vida e não uma realidade inevitável, uma espécie de destino, que nos atingiu de fora, independentemente de nossa vontade.
Conseguirmos considerar-nos os únicos responsáveis pela qualidade da nossa própria vida é a única forma de vivermos plenamente e para nós mesmos. Descarregar as responsabilidades sobre os outros nunca dá um verdadeiro alívio, apenas nos ajuda a afundar em um inútil sentimento de impotência.
No entanto, quando não conseguimos encontrar o fio da nossa própria vida, quando percebemos com angústia crescente que há muito tempo estamos girando em torno do problema sem chegar a nenhuma solução, então pode ser de grande ajuda recorrermos a um especialista nesse tipo de problema.