por Marisa Micheloti
Quando o sentimento de paixão se aproxima de uma relação conjugal, há a sensação de que este relacionamento será eterno. Criam-se sonhos, projetos de vida, construção de uma família e planos profissionais conjuntos. Tudo isso com o respaldo de que nada poderá ameaçar tanto desejo de amar.
Com o passar do tempo e com a evolução de uma relação saudável – que poderá desmembrar em uma relação de amor ou em uma separação – essa sensação de célula única vai se desmembrando e novamente as pessoas envolvidas tornam-se únicas. Nessa separação não se distancia apenas da pessoa que estava com você, mas também de todos os sonhos e expectativas criados a partir do nascimento dessa relação.
Perdem-se planos, projetos de vida em comum e por mais imaginários e irreais que pareçam, são construções que foram estabelecidas dentro de cada um. A possibilidade de se ter construído o futuro, se destrói.
Toda a construção da relação afetiva e a perda da mesma é caracterizada como uma morte para o nosso psiquismo. Como toda importante perda, exige-se de nosso psiquismo um período de luto. É um período doloroso, acompanhado por uma série de diferentes sentimentos como: amor, raiva, incredibilidade, depressão… Isso evolui de acordo com o mundo interno de cada um, junto com a importância com que aquela relação aconteceu. É preciso, cada um no seu tempo, passar por todas as fases que esse rompimento deixou até que se possa reencontrar a energia vital.
Qual é a melhor maneira de se recuperar de um processo de separação?
Para que o processo de recuperação aconteça, é preciso que a pessoa sinta e reflita sobre o que perdeu. Perceba o que foi que depositou naquele envolvimento, o quanto era uma relação que sustentava todos os desejos e, por último, quais foram as conquistas pessoais que surgiram com essa vivência. Por mais dolorido que seja, vale a pena em um momento mais adiante, fazer um mergulho mais intenso que permita a cada um se conhecer melhor e descobrir qual foi seu crescimento com tudo isso.
Com o passar do tempo é importante ver que nem a sua vida, nem a capacidade de amar de novo foram derrubadas pelos desencontros, mas sim acrescidas ao amadurecimento como uma grande contribuição de um autoconhecimento humano. Carlos Drummond dizia: nós somos o amor. Portanto, a única maneira que nos possibilita de não viver uma perda é não se dar a oportunidade de amar. Será que vale a pena?
Marisa Micheloti é psicóloga