por Lilian Graziano
O ser curioso…
Como é possível amar sem aprender sobre o outro e sua condição?
Como é possível se relacionar com as pessoas sem esse aprendizado?
Como é possível entender a necessidade da disciplina para alguns aspectos da vida sem experimentar o que de bom vem com ela?
Há quem se estranhe com tudo isso e simplesmente viva no isolamento, mantendo hábitos pouco saudáveis e atitudes pouco edificantes, sem avançar uma casa sequer no jogo da existência. Há um medo danado do desconhecido, da novidade que cada uma dessas experiências representa. É mais fácil viver sozinho, em meio ao caos, diante do temido e misterioso mundo novo.
É a partir desse cenário tão comum em nossos círculos sociais que retomo o conceito de forças pessoais (veja aqui), proposto por Martin Seligman, pai da Psicologia Positiva, como conjunto de características capazes de nos conduzir à felicidade. Em meio a elas encontro a “curiosidade” (ou gosto pelo novo, abertura a novas experiências), e a partir do enunciado deste meu artigo concluo que se trata de um importante catalisador de tantas outras características como amor, autocontrole, sabedoria e mesmo a inteligência social também encontrada no interessante rol de Seligman.
Não é que eu esteja “rankeando”, a partir do laborioso esforço desse e de outros pesquisadores da Psicologia Positiva, as tais forças pessoais, mesmo porque a importância de cada força é definida para cada indivíduo, por meio de um inventário de suas forças, também criado por Seligman e seus seguidores. É que, no dia a dia, vejo o “empacamento” das pessoas que nada aprendem, pois não se interessam por nada, que não se colocam diante do novo com o “espanto” necessário e que, pior, acreditam que nada de novo existe ou pode lhes acontecer.
Para aumentar o bolo das características certamente potencializadas pela curiosidade, incluo a criatividade que se desenvolve com o enfrentamento do novo, com a necessidade de lidar com novas perspectivas. Sem falar no quanto podemos nos sentir motivados diante de um desafio que pode constituir tal experiência. Em termos de desenvolvimento humano, definitivamente é uma fórmula para atingir a excelência, seja lá o que estivermos buscando: crescimento pessoal ou profissional. É a curiosidade que nos ajuda a construir um repertório emocional e cognitivo para a vida.
Nossa concepção da realidade se amplia e novas conexões neurais são formadas a partir de nossa receptividade para o novo. Se a felicidade, em Psicologia Positiva, depende da vivência integral de cada momento, e a curiosidade é a força que cria o interesse no que está por vir, em cada experiência, então é característica essencial para que levemos adiante nosso projeto de sermos felizes.
Como crianças, abertas ao flruir da vida, lá iremos curiosos e ávidos pelos ricos detalhes desta maravilhosa experiência que pode ser o viver.