por Antônio Carlos Amador
“Dizemos que estamos pessimistas naqueles momentos em que nos sentimos assim de forma transitória, durante horas ou mesmo dias.”
No que consiste o pessimismo?
Trata-se de uma crença de que o pior nos espera no futuro. Como não temos a capacidade de prever o que nos acontecerá no futuro, o pessimismo não passa de um juízo presumido, que se vive com uma certa dose de certeza nas conotações pejorativas que o caracterizam e que está carregado de desesperança. Podemos dizer que há pessoas que são pessimistas e pessoas que estão pessimistas. E é preciso distinguir os dois casos.
O pessimista
Ao dizermos de uma pessoa pessimista, nos referimos a alguém em quem o pessimismo é parte de sua forma de ser. Sua falta de esperança no futuro e a longa cadeia de pensamentos negativos que surgem a cada minuto em sua cabeça fazem com que mantenha seu estado de ânimo em baixa, de modo mais ou menos permanente. Sua concepção de vida é comumente cética e ela tem muita dificuldade para alegrar-se com qualquer coisa. Em tudo ela vê problemas, nada é realmente atrativo, tudo tem uma desvantagem implícita. As experiências agradáveis e os acontecimentos alegres duram pouco para esse tipo de pessoa, nas raras vezes em que os experimentam. Por outro lado as experiências penosas são vividas com grande intensidade e persistência, podendo inclusive resultar em crises psicológicas.
Quando não ocorre nenhuma desgraça, ela sente como se no ambiente pairasse uma nuvem, envolvendo tudo, impedindo-a de desfrutar as coisas boas do cotidiano. Se um problema ou uma preocupação forem resolvidos serão imediatamente substituídos por novos obstáculos. Esse perfil de personalidade parece favorecer a aparição de depressões.
Estar pessimista
Dizemos que estamos pessimistas naqueles momentos em que nos sentimos assim de forma transitória, durante horas ou mesmo dias. Nesses casos, a sensação de que as coisas irão mal pode ter sido provocada por um fracasso anterior e, quando algo vai mal, tendemos a pensar que isso voltará a acontecer e então nos tornamos pessimistas. Esses julgamentos são frequentemente resultantes de situações do contexto familiar aprendidas no passado.
O pessimismo também pode estar relacionado às alterações de estado de ânimo. Nossa situação afetiva influencia muito nossas avaliações a respeito do passado, do presente e do futuro. Quando estamos desanimados tendemos a selecionar e recordar os piores acontecimentos do passado, com uma visão parcial em que aquilo que foi bom já não conta, uma vez que julgamos o momento presente e o futuro com desesperança. É como se a afetividade impregnasse nossos julgamentos de valor, preenchendo-os com pessimismo e desesperança. Quando nosso o estado de animo melhora, geralmente depois de um curto período de tempo, recuperamos a dose de otimismo habitual de nossa forma de ser. E então poderemos enfrentar as dificuldades e os problemas, com perguntas mais construtivas. Se, por exemplo, nos posicionarmos de modo a buscar soluções para um problema, ou para aprendermos com as experiências adversas, estaremos adotando uma postura que nos conduzirá a uma vida mais saudável.