por Roberto Santos
Quando as pessoas são perguntadas sobre quais são as principais características dos líderes, normalmente o carisma é lembrado. De fato, a noção de que os líderes devem ter carisma está tão enraizada na cultura popular que é difícil até imaginar um líder sem essa característica.
Apesar da definição variar, o carisma geralmente se refere a uma série de atributos psicológicos que fazem com que alguns indivíduos pareçam mais agradáveis, influentes e heroicos que outros. Quando Max Weber cunhou o termo, sua intenção era falar sobre liderança política, mas desde então o termo passou a ser utilizado para qualquer tipo de liderança, incluindo líderes carismáticos pensadores.
Se você é um líder, os benefícios do carisma são difíceis de contestar: ajuda a persuadir e inspirar seus subordinados, talvez até convencendo-os a se tornar seus fãs fervorosos. No entanto, quando líderes carismáticos carecem dos ingredientes substanciais para exercer o potencial da liderança (por exemplo, competência, autoconhecimento e a preocupação com os outros), seu charme tóxico vai mascarar a sua incompetência. Em outras palavras, o carisma corrói a diferença entre a liderança percebida e a que é efetivamente real, habilitando líderes ineptos ao sucesso.
Vários estudos já mostraram que líderes carismáticos (incluindo CEOs ou Presidentes de Empresas) tendem a ganhar mais, mesmo quando a empresa vai mal. O carisma também já foi associado ao narcisismo, impedindo a capacidade dos líderes de se concentrar no bem-estar de seus subordinados. Além disso, em razão desses líderes serem mais confiantes, eles se tornam menos autoconscientes de seu comportamento e imunes ao feedback negativo, exceto quando reagem defensivamente ou agressivamente às críticas. Finalmente, já que o carisma é uma característica essencialmente masculina – praticamente em todas as culturas os homens são percebidos como mais carismáticos que as mulheres – selecionar líderes por causa desse atributo causa um impacto adverso nas mulheres.
A maioria das empresas e países é conduzida por líderes carismáticos, e está claro que essa qualidade desempenhou um papel importante para ajudar essas pessoas a conquistarem posições de poder. O que está menos claro, no entanto, é a capacidade desses líderes de fazer um bom trabalho. A maioria das pessoas odeia seus chefes e políticos. Parece, então, que o efeito do carisma desaparece depois de um tempo. Infelizmente, a lição raramente é aprendida e os erros são repetidos com frequência.
Fonte: Revista do RH/Hogan Brasil: www.revistadorh.com.br