por Grupo de Aprimoramento Junguiano sobre Questões Amorosas – Clínica Psicológica PUC/SP
Atualmente vivemos uma crise de paradigma. Amplamente divulgada em todos os meios de comunicação, podemos percebê-la num grande número de aspectos que permeiam nossas existências cotidianas: os modelos de guerra, os modelos de paz, os modelos de relacionamento e, porque não, os modelos de amor.
A iminente derrocada dos modelos tradicionais de relacionamento e, por conseguinte, de casamento e amor, trazem à tona questões que vão muito além do que pode conceber nossa "vã filosofia". Desse modo, nestes parágrafos que se seguem, tentaremos trazer à luz da discussão o tema "Amor, pra quê?". Longe de esgotarmos o tema, procuraremos lançar um olhar diferenciado, crítico e ético em relação ao tema, que cada vez mais e mais vem apresentando eco nos mais diferentes níveis de nossa sociedade atual.
Algumas relações podem não ser as mais "legais" para nós, e algumas vezes só descobrimos isso depois que as vivemos. Mas uma relação, um encontro, sempre têm funções na nossa vida, como via de prazer, dor, de descoberta e de autoconhecimento. Uma relação não dá certo ou errado, mas simplesmente é, e por ser, traz qualidades boas e ruins. O que nos resta é tentar perceber seu sentido em nossas vidas, e tentar estar à altura de suas solicitações, que por vezes, podem ser difíceis! Esta é a razão para os relacionamentos:o Outro representa aquilo que negligenciamos na nossa vida e que, através do encontro e do relacionamento podemos resgatar (ou ser resgatados!).Portanto, o critério da qualidade amorosa é menos se ela nos produz felicidade ou não, sem esquecer do que diz a música: "Tristeza não tem fim, felicidade sim".
Um verdadeiro encontro pressupõe recebermos o outro como ele é, e não como gostaríamos ou imaginamos que ele fosse. É receber e se dar ao outro por inteiro, é se entregar ao desconhecido, ao diferente de nós.
Pode parecer paradoxal, mas é só à medida que conseguirmos nos relacionar verdadeiramente com o outro que conseguiremos nos relacionar da mesma forma com nós mesmos. Se ambos os parceiros nutrem o amor-próprio de si e do outro, a importância que eles disponibilizam para seu amado ou amada é fonte inesgotável de fertilidade.
Sendo assim, os parceiros descobrem que tem o potencial de amar. O Outro em uma relação amorosa, de certa forma personifica o Outro, o desconhecido, que há em nós, com o qual precisamos nos relacionar e ao qual precisamos nos entregar para nos tornarmos mais integrados, mais inteiros. A nobreza da capacidade de amar pode surgir nos mais variados tipos de relacionamento e não apenas no casamento tradicional.
Autores e integrantes do Grupo de Aprimoramento Junguianao PUC-SP : Carla Regino, Fernanda Menin, Helena Girardo de Brito, João Paiva, Lilian Loureiro, Luiz André Martins, Mariana Leite, Marina Winkler, Priscila Parro e Thiago Pimenta – sob a coordenação da profa. Dra. Noely Montes Moraes