por Karina Simões
“Ser periguete hoje pode até ser um estilo ou maneira de ser. Mas, no meu entender, é mais um rótulo ou estereótipo feminino e machista ao mesmo tempo. Começando pelas próprias mulheres que se autoprejudicam”
O que é ser periguete? Periguete é um termo muita em voga atualmente, mas usado no Nordeste há pelo menos uns 15 anos e muitas vezes de forma pejorativa.
Mas do que realmente se trata?
Vamos tentar esclarecer, visto que tal verbete não se encontra registrado no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Não há qualquer relação com uma condição social.
Afinal, existe uma lacuna ou abismo entre a maneira como nos enxergamos e como as pessoas nos veem?
Por que rotular algumas mulheres de “periguetes” virou mania nacional, após uma personagem global?
Mas será que a periguete se vê como tal?
Ou apenas os outros a enxergam assim?
Existe um estilo próprio de ser periguete?
As roupas e a maneira de se vestir a caracterizam? A roupa faz a periguete e vice-versa?
O famoso estilista Alexandre Herchcovitch já disse certa vez que o estilo que ele vende muito no Brasil é o estilo “periguete de ser”, deixando claro para o mundo da moda que há um rótulo preconceituoso no mundo fashion também.
Fiz essa e outras perguntas informalmente em lugares frequentados por mulheres como: salão de beleza, fila do supermercado e a escola do meu filho.
Das respostas colhidas pude constatar…
Muitas delas rotulam e vinculam o estilo de vestir – tipo vulgar – à periguete. Outras, afirmam que não precisa da roupa para estereotipar e sim das atitudes, como por exemplo: se jogar em cima dos homens independente de seu estado civil; usar gírias pouco conhecidas, infidelidade, passar por cima da ética para conquistar o que quer…
Como você se vê nem sempre é como os outros o veem
Assim, muitas periguetes nem sabem, ao certo, que são. Aprenderam a ser assim desde o começo da socialização, e a resposta ao comportamento que ela recebe vem sendo positiva. Dessa forma, ela repete os comportamentos em cadeia, a princípio, não aceitáveis por mulheres – que se julgam não periguetes. É claro!
Concordo plenamente com o surpreendente jornalista Xico Sá, que disse certa vez: “Gosto se discute sim. E que mau gosto não existe”. Ainda completou lembrando-nos que quando nós pensamos em alguma sacanagem, chamamos de erotismo; e quando o outro faz a mesma coisa, rotulamos de pornografia. E é assim mesmo que acontece. Rotulamos, mas detestamos ser rotulados.
Ser periguete hoje pode até ser um estilo ou maneira de ser. Mas, no meu entender, é mais um rótulo ou estereótipo feminino e machista ao mesmo tempo. Começando pelas próprias mulheres que se autoprejudicam.
Fica um alerta para as mulheres prestarem mais atenção em si mesmas e permitirem-se ser a própria predadora: culturalmente mulheres disputam entre si; disputam no jogo da beleza. Se autoprejudicam quando não se dão o devido valor; quando se tornam passivas na relação e aceitam migalhas sentimentais; quando aceitam agressões fisicas e psicológicas permanecendo em relações patológicas.
Itens que podem caracterizá-la como periguete:
1- Roupas: tipo vulgar, curtas, mini-saias, decotes e sutiãs à mostra; culto ao físico
2- Maquiagem: geralmente carregada;
3- Vocabulário: repleto de gírias;
4 – Não perde uma festa, na mesma boate sempre ou um ponto de encontro em baladas é frequente. Na verdade é certeiro, jamais perde, pra não perder o “ponto”.
5 – Coragem: é preciso ter coragem pra ser uma periguete.
6 – Piercing: é quase uma marca registrada
Mas lembre-se: esses são fatores que levam parte das pessoas a rotular uma mulher como periguete, mas outros não a verão dessa forma. Vai depender das crenças e valores de cada um.