por Sandra Vasques
Podemos dançar sozinhos ou acompanhados. Se estamos sós podemos dar o ritmo que queremos, os passos que preferir, a direção que nosso entusiasmo ordenar! Agora, se estamos dançando junto com um par, é preciso combinar o ritmo, prestar atenção nos passos e escolher juntos a direção. Se não for assim, a dança não acontece, ou até acontece, mas às custas de muitos pisões nos pés!
Sexo é como uma dança…
Se estamos a sós com nosso corpo, podemos experimentar qualquer tipo de toque, ritmo e fantasias que nos agrade. Podemos nos divertir e ao mesmo tempo conhecer mais sobre as próprias preferências. E isso é positivo, porque ao saber o que quer e gosta uma pessoa pode ter mais facilidade de ter um bom entrosamento quando juntar-se a alguém. Poderia ser bem simples, mas não é!
São frequentes as queixas dos casais sobre a falta de sintonia! Ela, que demora para se excitar, ele que acaba a transa rápido demais. Um quer mais carinhos e menos importância para a penetração, o outro reclama que não recebe as carícias que gostaria! E por aí vai! Deveria bastar uma boa conversa e um bom treino para se chegar ao sexo ideal para os dois; mas isso parece tão difícil de acontecer.
O que impede a boa comunicação dos parceiros e a compreensão das preferências, dos limites, possibilidades e necessidades de cada um?
Vergonha, medo e preconceito se misturam para formar uma barreira, que muitas vezes parece intransponível! Falar sobre sexo é diferente de fazer sexo. Falar significa traduzir em palavras um desejo que está só nos pensamentos. Revela os gostos, as fantasias. Denuncia que você gosta de sexo, e como gosta no sexo, do toque de determinada maneira, de ouvir palavrões, elogios ou apenas os gemidos, qual a posição preferida, se gosta de sexo anal, oral… Revela o tempo e o jeito necessário pra se excitar, qual o ritmo preferido da penetração, se quer usar brinquedinhos, um vibrador… Falar sobre tudo isso e mais um pouco daria muito mais condições para o casal se acertar!
Mas assumir os desejos ainda hoje gera inseguranças. Geralmente do lado da mulher, existe o medo do julgamento, de ser vista como vadia, liberal demais, de parecer que dá mais valor pro sexo do que para o amor ou pra família. “O que ele vai pensar? “Além do medo de assustar o parceiro, com o risco de perdê-lo, por demonstrar segurança demais.
E do lado do homem, o medo de não conseguir corresponder às expectativas, a exigência de não falhar nunca, a preocupação excessiva com o próprio desempenho, que torna muito difícil criar um espaço para ouvir a necessidade da parceira, experimentar algo novo e diferente do que sempre considerou que estava bom e era suficiente. Além do machismo, que leva muitos homens a ter certeza que a dificuldade da mulher chegar ao prazer é um problema só dela e cabe a ela resolver.
Muitos casais já alcançaram a harmonia e o entrosamento necessários para um bom sexo. Eles enfrentaram a vergonha, o medo e o preconceito, e conversaram abertamente e sinceramente. Conseguiram experimentar, arriscar, buscar o que gostam e também prestar atenção e valorizar o que agrada ao seu par. E passaram a se divertir muito mais juntos.
Afinal, no sexo, como na dança, o prazer vai ser mais fácil de se alcançar, quanto maior for a sintonia do casal.