por Renato Miranda
O ex-goleiro Barbosa da seleção brasileira de futebol, titular na final da copa do mundo de 1950, dizia ser o "condenado" brasileiro mais injustiçado.
Nesse jogo, que ficou conhecido pelo maior trauma do futebol brasileiro, o Brasil perdeu de 2×1 apesar de ser considerado favorito.
Barbosa (já falecido) dizia isso por que como falhou no gol decisivo do Uruguai naquela ocasião, mesmo passando mais de 50 anos ainda era "condenado" como responsável pela derrota. Como no Brasil a pena máxima de reclusão é de 30 anos, ele fazia essa analogia por que passado tanto tempo (e até hoje!), quando se fala naquela decisão a única causa da derrota se resume em sua falha.
Em se tratando de futebol e especialmente em Copa do Mundo, sempre teremos alguém que será responsabilizado por um eventual fracasso. Mesmo reconhecendo o futebol como um jogo coletivo e por isso ser difícil responsabilizar uma única pessoa pelo sucesso ou fracasso, há lances que realmente marcam a história de um jogo (principalmente em Copas do Mundo) e em nosso caso, lances que sacramentam uma eliminação ou perda de um título são considerados eternos.
Mas Barbosa não está só. No Brasil e em outros países (como Baggio da Itália na copa de 1994 que perdeu um pênalti na final contra o Brasil) algo semelhante acontece, embora muitos atletas superem tais experiências com maestria e compreensão.
Vejamos o caso do ex-jogador Zico. Um dos maiores atletas do futebol mundial de todos os tempos, perdeu um pênalti no tempo normal de jogo contra a França na copa de 1986 na quarta de final. O Brasil acabou sendo eliminado na disputa de pênaltis depois de ter empatado no tempo normal de jogo. Zico marcou seu gol nesta disputa por pênaltis.
Desse modo o Brasil perdeu nos pênaltis não pelo erro de Zico no entanto, como ele era considerado o grande craque da seleção (mesmo disputando aquela copa lesionado!) e um exímio cobrador de pênaltis, seu erro ficou marcado em sua carreira.
Embora Zico só tenha perdido um jogo (no tempo normal)! oficial pela seleção brasileira (3X2 para a Itália na copa de 1982) e ter sido um de seus maiores goleadores, essa história o acompanhará para sempre.
Muitos detalhes e pequenas falhas no futebol acarretam lances definitivos em um jogo. Estamos na final de Copa das Confederações (principal evento que antecede a Copa do Mundo de 2014) com uma vitória de 2×1 sobre o Uruguai e novamente os jogadores podem cometer alguma falha que entrará para a história, embora essa competição tenha um impacto menor do que a Copa do Mundo.
De um modo geral por que essas falhas acontecem, mesmo com jogadores consagrados e muito bons?
Em uma única palavra: distração!
Por vezes uma pequena e momentânea distração leva o jogador a fazer um gesto ou tomar uma decisão equivocada. Acontece que em muitos casos, essa distração é tão rápida que o próprio atleta não avalia depois que se distraiu e julga que realmente estava concentrado apesar do erro.
No caso do futebol, basta o jogador na hora do pênalti, por exemplo, desviar um pouco sua atenção no momento do chute para a bola não "sair" dos seus pés como deveria ser. Para um chute perder força ou precisão é uma questão quase milimétrica do toque do pé à bola.
Essa dita distração pode advir de pensamentos, normalmente aqueles muito "desviados" a experiências passadas e que proporcionaram fracassos, focalizados principalmente nas possíveis consequências do desempenho em questão.
Além disso, tensão exacerbada, introspecção excessiva, demasiada confiança, medo de fracassar, influência do técnico (instruções ou comportamentos equivocados), torcida (barulho), e adversários (provocações), podem contribuir para a distração.
Portanto, nossos atletas da seleção de futebol deveriam desde já se prepararem para se concentrarem o máximo possível, principalmente nos momentos cruciais de um jogo, a fim de não sermos (eles e nós torcedores) "pegos de surpresa". Pequenas distrações em momentos importantes de uma disputa podem ser responsáveis pelos ditos detalhes que definem um jogo.
Por outro lado, como os atletas são humanos e mesmo treinados, tais distrações podem ocorrer (é preciso ao menos minimizá-las!). Portanto, que se preparem também, se for o caso, para enfrentar as consequências de uma pequena distração!
Além disso, que aprendam a se distrair (momentaneamente e recuperar a atenção rapidamente!) somente nos momentos que não há perigo algum de falharem, por exemplo, quando a bola está fora de jogo ou muito longe de sua posição e em momentos não decisivos.
Caso contrário, teremos mais uma história "traumatizante" para contar!