por Alex Botsaris
Vai chegando o verão e surge aquela preocupação com a barriguinha cultivada durante o inverno. Afinal, o frio do inverno aumenta a fome e o desejo por gorduras e carboidratos, justamente os alimentos mais calóricos e que fazem ganhar mais peso. Ao mesmo tempo, existem também muitos outros fatores contribuindo para as pessoas ganharem peso. Por isso, nos últimos anos, tem havido um aumento contínuo da obesidade no Brasil, assim como vários outros países do mundo. Cerca de 15% dos brasileiros podem ser considerados obesos e, nos Estados Unidos, cerca de metade da população está acima do peso.
O prazer de comer fala alto, mas na hora de colocar o biquini para ir à praia, aparecem as gordurinhas que ficaram de doces e chocolates em excesso e tudo mundo pensa em voltar à forma. Afinal, nossa sociedade ainda é baseada em estimular o consumo em excesso e os alimentos estão nesse meio, mas alimenta também muita expectativa da estética, em especial das mulheres. As pessoas acabam comendo mais do que precisam e vão ganhando peso, e ficam em conflito com isso. Para piorar, o estresse e a ansiedade geradas pela correria da vida urbana podem atuar como estimulantes do apetite, e dificultar mais a perda de peso, enquanto a falta de tempo e o excesso de trabalho induzem o comportamento sedentário.
Perder peso depois dos 30 é mais difícil
Perder peso é difícil mesmo, em especial para que já passou dos 30 anos. A partir dessa idade, há uma redução progressiva do metabolismo corporal. Ou seja, queimamos cada vez menos calorias num dia normal. A única forma de minimizar esse problema é fazendo exercício físico regular. O exercício físico ainda contribui para liberar um hormônio chamado leptina, que ajuda na queima da glicose e na manutenção do peso normal.
Existe uma profusão de livros, tratamentos e truques para reduzir peso, e fica difícil escolher o melhor caminho a ser seguido.
Em primeiro lugar, não existe milagre, e por isso soluções que prometem demais, devem sempre ser avaliadas com muito cuidado e desconfiança. A propósito, é sempre bom lembrar que todos regimes muito radicais, e que fazem perder peso numa velocidade muito grande, não são recomendáveis. Os sistemas de adaptação do organismo, que funcionam a partir da experiência dos desafios enfrentados por milhares de anos quando o homem ainda não era civilizado, interpretam que deve haver um momento de grande carência da comida no meio ambiente. Dessa forma se modificam no sentido de armazenar qualquer caloria extra que seja ingerida. Então quando se termina o regime, e a pessoa volta à dieta normal, engorda tudo de volta, entrando naquela armadilha da sanfona.
Fracionar entre cinco e seis refeições diárias diminui saciedade
Por isso o ideal é perder entre 300 e 800g por semana, de forma lenta e progressiva, sem ligar esse mecanismo de defesa contra a desnutrição calórica. Outro ponto, onde boa parte dos autores concorda, é fracionar a alimentação. Indica-se comer 5 a 6 refeições ao dia, sempre pouca quantidade. Quando comemos refeições muito fartas o estômago fica dilatado, cabendo cada vez mais volume o que dificulta a saciedade. Comendo pouco e "a prestação", o estômago fica com um volume pequeno, e sentimos saciedade com quantidades muito menores de comida. Esse tipo de estratégia mantém os níveis de glicose constantes e fisiológicos no sangue, o que também contribui para controlar o apetite e evitar a perda de massa muscular.
Outro conselho da boa ciência nutricional é evitar concentrar-se só num tipo de alimento. As dietas que recomendam comer exclusivamente proteína – ou qualquer outro alimento – não atendem a fisiologia do organismo. Nós precisamos, no dia-a-dia, de alimentos dos quatro grande grupos alimentares: proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas. Dentre eles, há uma crescente evidência que uma mistura de carboidratos de vários tipos – os chamados carboidratos complexos – são excelentes, porque mantêm os níveis de glicose constantes ao longo de várias horas, contribuindo no controle do apetite (a baixa da glicose no sangue é um dos principais estímulos que causam fome).
Para obter uma boa fonte de carboidratos complexos vale misturar um pouco de raiz ou cereal ricos em amido (como batata, inhame, arroz) com uma fonte de fibras – como uma salada verde por exemplo. Algumas verduras como a chicórea são excelentes fontes de fibras solúveis, que podem ser misturadas com um palmito, fonte de fibras insolúveis. Frutas, são igualmente consideradas boas fontes de carboidratos complexos, e podem ser ingeridas uma a duas vezes ao dia. O resultado é um bolo alimentar que retém a glicose, liberando-a lenta e progressivamente, e assim mantendo esses níveis constantes e fisiológicos a que já me referi acima.
Como foi dito, milagres não existem, ao menos da forma como alguns desejosos de perder peso gostariam que fosse. Por isso, a principal maneira de perder peso é mesmo fechando a boca. Ou seja, reduzindo a quantidade de calorias ingeridas no dia-a-dia.
Medicamentos para emagrecer exigem cuidados
Alguns medicamentos foram lançados no mercado e têm sido usados por muitos médicos, mas é preciso ser cuidadoso. Em geral, os medicamentos possuem efeitos adversos e também não podem ser tomados por períodos de tempo muito longos. O mais utilizado hoje em dia é a sibutramina, uma droga desenvolvida para ser um antidepressivo, mas que se descobriu ter um potente efeito para tirar a fome. Entretanto, a sibutramina (Plenty®, Reductil®) pode causar problemas como ansiedade, insônia, constipação e aumento da pressão arterial. Recentemente, há suspeitas que a sibutramina possa também aumentar o risco de doença cardiovascular com uso continuado.
O orsiltat (Xenical®) tem como problema causar diarreia e descontrole do esfíncter anal, além de se questionar seus efeitos potenciais sobre a absorção das vitaminas lipossolíveis (vitaminas A, D e E). Essas drogas só estão indicadas para pessoas com obesidade ou onde a obesidade gera fatores de risco, como na sua associação com diabetes, entretanto seu uso no Brasil é excessivo, assim como o de outras drogas, hoje em dia consideradas de risco, por causarem dependência como a anfepramona e o fenproporex.
A boa notícia é que no campo mais natural existem várias opções. São produtos menos potentes, mas que podem dar aquele pequeno 'empurrão' nas pessoas que não conseguem atingir o peso ideal apenas com a dieta.
O mangosão garcinia cambogia, fruto originário da Ásia, possui o ácido hidroxicítrico, uma substância que estimula a degradação das gorduras, ou seja, atua como lipolítico. Na laranja da terra verde (citrus aurantium) encontramos a sinefrina, um alcaloide que também atua direto nas gorduras e ajudam a quebrá-las, transformando-as em energia para serem usadas nas outras células do organismo.
No campo das drogas sacietógenas (que diminuem a fome) surgiu um cactus originário do deserto do Kalahari, hoodia gordoni, além do extrato de uma planta, a caraluma fimbriata. Todos já possuem alguns estudos sugerindo que podem ajudar na perda de peso. São possibilidades que podem ser tentadas para tirar a barriginha nos próximos dois meses.