por Edson Toledo
“Estresse todo mundo tem, já que precisamos dele para viver…”
Leitores, depois dos dois últimos artigos (veja aqui), podemos dizer que vocês já possuem uma melhor compreensão do estresse. Agora então falaremos um pouco de como evitar esse mal que muitas vezes nos atormenta.
O fato é que ninguém adoece de uma hora para outra devido ao estresse; é o seu corpo que dá sinais de que as coisas não estão indo bem.
Então, preste atenção aos sinais que ele lhe dá, são vários: ansiedade, alteração de sono (dormir demais ou pouco), alterações de humor, depressão, formigamento (na face ou nas mãos, por exemplo), hipertensão, mudança de apetite, perda de interesse pelas coisas, problemas de atenção, concentração e memória, problemas de pele, sensação de desgaste constante e tensão muscular.
As possíveis causas dos estressores podem ser divididos em internos, que são da própria pessoa, estão ligados à personalidade como o perfeccionismo, pressa, querer fazer tudo ao mesmo tempo, e os externos, ou seja, ligados ao ambiente, onde podemos incluir, por exemplo, as mudanças em geral e de qualquer natureza, onde até mesmo as positivas, – porque elas exigem uma adaptação. Assim, podemos considerar, por exemplo, o nascimento de um filho, mudanças profissionais (troca de emprego, promoção, demissão), aposentadoria, mudança de casa, divórcio, doença ou morte de pessoas queridas e por que não o trânsito, que pode acabar sendo um importante estressor para muitas pessoas.
Em um estudo feito pelos psiquiatras Thomas Holmes e Richard Rahe da Universidade de Washington, em que foi medido o potencial de estressores por uma escala de zero a cem, sendo que cem era muito estressante, as situações que mais pontuaram foram: morte do cônjuge (100), divórcio (73), prisão (63), morte de um parente querido (63), casamento (50), demissão do trabalho (47), aposentadoria (45), reconciliação conjugal (45), gravidez (40), grandes conquistas pessoais (28), problemas com o chefe (23), férias (13).
Estresse todo mundo tem, já que precisamos dele para viver, o problema é quando ele se torna excessivo, dificultando nossa adaptação ou ele se prolonga por um longo tempo. Aí algumas atitudes simples podem evitar ou amenizá-lo, como por exemplo: dormir direito, cuidar da saúde, alimentar-se de forma saudável, fazer atividade física, proporcionar-se momentos de prazer, refletir sobre a maneira de lidar com as situações e buscar mudanças. Porém, se apesar desses cuidados, não ocorrer um controle do seu nível de estresse, talvez seja hora de procurar ajuda.
O tratamento psicoterapêutico poderá ajudar o paciente a encontrar formas de contornar os estressores que não podem ser mudados, um exemplo: se seu estressor for o trânsito, tente mudar seus horários, crie rotas alternativas, se não for possível, aproveite o tempo para ouvir música, ler alguma coisa enquanto estiver parado. Porém, se os estressores forem internos (perfeccionismo, pressa, quiser fazer tudo ao mesmo tempo), eles requererão um trabalho maior, já que não bastam algumas dicas. Porém, se o estresse for crônico e evoluir para um estado ansioso ou depressivo, sugerimos que faça uma avaliação psiquiátrica que poderá indicar o uso de medicação.
No caso das crianças, são fatores estressores: mudanças significativas na vida e na rotina; excesso de responsabilidades e atividades; brigas e separação dos pais; morte; sensação de rejeição; doença; nascimento de um irmão; medo; troca de professora ou de escola; estresse de pais e professores; ambiente competitivo de algumas escolas; e até mesmo a obrigação de frequentar uma colônia de férias.
Nossas crianças, inclusive adolescentes, precisam construir sua identidade. Mas, hoje, eles não têm mais tempo para ser crianças e adolescentes; estão tão ocupados com trabalhos, estudos e treinos, que não podem mais brincar, criar e descansar.
Os sintomas do estresse infantil costumam ser mudanças súbitas de comportamento (como ficar mais nervoso ou mais retraído), agitação, ansiedade e incidência de pesadelos. O diagnóstico deve ser buscado rapidamente para que o tratamento adequado seja iniciado.
Uma criança estressada pode sofrer consequências físicas: como a queda do sistema imunológico, tornando o pequeno mais vulnerável a infecções e doenças contagiosas; emocionais e sociais: como gagueira, tique nervoso e baixo rendimento escolar; por fim, na vida adulta, torna-se uma pessoa sem resistência para suportar problemas. A maneira mais fácil de prevenir o estresse é ter uma relação saudável com seu filho ajudando-o a organizar suas atividades e eleger prioridades.
Como foi bem dito por Gandhi, e vale para adultos e crianças, “Devemos simplificar nossas necessidades”. Estamos o tempo todo criando necessidades, muitas vezes que não precisamos, por exemplo: precisamos do modelo tal de celular, de ter a bolsa xis; buscamos uma enxurrada de informações e não sabemos o que fazer com ela etc. A pergunta que devemos fazer é: será que precisamos mesmo de tudo isso?
O reflexo negativo disso tudo é que nos focamos no objeto, no material, ao invés apreciar o percurso e na construção das conquistas. O estresse pode ser gerado pelo fato de estarmos quase sempre tentando antecipar o futuro a qualquer preço. Simplificar as necessidades também pode ser uma estratégia para lidar com a ansiedade que é tão maléfica.