por Arlete Gavranic
A síndrome de burnout, numa tradução livre do inglês significa combustão completa, é um estado de exaustão prolongada e diminuição de interesse, especialmente em relação ao trabalho, mas que pode causar também perda do desejo sexual.
A síndrome é desenvolvida como resultado de um período de esforço excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para recuperação.
Segundo a psicóloga Ana Canosa, a síndrome de burnout ou estresse ocupacional, nem sempre está ligada a função que o trabalhador ocupa, mas na preocupação do indivíduo em relação a sua auto-imagem frente à empresa ou pelas cobranças que faz em relação ao trabalho e à atuação do profissional.
Segundo o psiquiatra Dr. Luiz A. Nogueira-Martins: ‘Há um estresse adaptativo do organismo (corpo e mente) às pressões internas (desejo, ambições, expectativas) e externas (pressões vinculadas ao exercício profissional e as condições de trabalho)’ .
Num mercado de trabalho onde a idéia de que bom profissional é aquele que ‘veste a camisa’ da organização e que isso significa’ ter hora pra chegar, mas não ter hora pra sair’, onde o acúmulo de funções e o número de cobranças por resultados é crescente, o corpo tenta se adaptar a essa demanda maior de trabalho e preocupações. Mas como isso não é uma situação isolada (não temos essa situação num determinado mês do ano), mas é uma situação prolongada, encontramos os casos cada vez mais frequentes de falência do organismo físico e psíquico por não conseguir dar conta do excesso de trabalho. Isso agrava mais ainda a autoestima do profissional, pois ele enxerga como se fosse incompetência sua e não trabalho excessivo e desproporcional.
Segundo a ISMA – Br, International Stress Management Association 70% dos brasileiros sofrem conseqüências do estresse, mas 30% dos profissionais economicamente ativos sofrem de burnout.
Sintomas
Sintomas físicos: fadiga constante, cefaléias, distúrbios gastrointestinais , alterações do sono, dores musculares, alterações de peso, alterações cardiovasculares e perda da memória.
Sintomas psicológicos: dificuldade de concentração, humor depressivo, ansiedade, rigidez, ceticismo (não consegue acreditar em possibilidades positivas).
Burnout e sexo
Desinteresse geral e dificuldades sexuais, com diminuição de desejo, dificuldades de ereção e de atingir orgasmo.
Sintomas comportamentais: irritabilidade, falta ao trabalho, erros profissionais, uso de álcool, drogas estimulantes, isolamento social e baixa autoestima.
Insatisfação
A baixa compensação financeira que não permite buscar outras compensações (roupas, objetos pessoais, o carro novo, a viagem da família) por orçamento limitado, acaba gerando insatisfação com o trabalho. Se somar a isso dificuldades com a equipe de trabalho, níveis de exigência inalcançáveis ou excitações seguidas de frustrações como “promessas” de prêmios, promoções que não se realizam, a intensidade dessa exaustão e conseqüentemente desse estresse ou burnout serão profundas.
CID 10
Essa síndrome já é catalogada como doença ocupacional, estando no CID 10 (Código Internacional de Doenças) como síndrome do esgotamento profissional.
É importante lembrar que trabalhar não mata, mas é preciso equilíbrio com lazer e prazer pessoal. Se começar a ocorrer interferências na vida pessoal a ponto de não ter tempo de estar com a família, não praticar esportes, não ter lazer social e redução de desejo sexual, é necessário refletir, pois o trabalho precisa de limite. Ignorar esses procedimentos pode levar a uma depressão profunda.
Sexo, relações sociais, esporte e lazer devem ser valorizados, da mesma forma que se valoriza a vida profissional.