por Blenda de Oliveira
“Me ajude, ando com uma tristeza tão profunda, acordo com meu coração disparado; é como se durante o dia eu tivesse o pressentimento de receber uma má notícia. Meu filho único me despreza, me sinto tão sozinha. Como pode a gente criar um filho com tanto amor e depois quando ele cresce, diz que gosta mais da namorada do que de nós? Ele parece que me odeia. Às vezes penso que fizeram uma macumba das bravas pra ele se afastar tanto de mim. Sinto cada dia ele mais distante de mim e me sinto tão impotente.”
Resposta: Sem dúvida, a situação relatada por você é sofrida e complexa, principalmente, tratando-se de seu único filho. Gostaria de ter mais detalhes sobre o momento em que iniciou o afastamento do seu filho. Por faltar dados, apontarei alguns aspectos de forma genérica. É uma situação que merece muita atenção e calma para ser conduzida, pois seu filho (imagino) deve ser maior de idade, sendo assim, mais difícil de evitar que ele faça escolhas e siga trajetórias diferentes daquelas que como mãe imaginou e desejou.
Este talvez seja o primeiro ponto a ser considerado: a quebra das expectativas. É importante que busque uma maneira de cuidar-se neste momento. Você vive uma espécie de “luto”. Aquele filho que criou, dedicou tanto tempo e ama não parece estar vivendo na mesma sintonia que você. Não sabemos o que motivou e motiva essa atitude, mas a realidade é que algo mudou muito e não parece ter sido uma boa mudança. Portanto, o trabalho maior agora é com a sua aceitação:
– Busque criar um cotidiano em que você possa ter amigos, atividades e interesses diferentes. O movimento precisa acontecer em você para não sucumbir a solidão, a dor e a culpa pelas escolhas do seu filho.
– Um segundo ponto: deixe que ele viva o que precisa viver. Não insista, não provoque uma conversa enquanto não estiver mais tranquila e menos angustiada. Se ele se aproximar você se aproxima.
– Se ele trouxer a namorada receba bem, mas sem forçar. Essa é uma atitude estratégica e sábia. Mostre tranquilidade e força para entender que de longe você está presente. Confie nos anos que esteve junto dele e que pode ter uma boa relação. Provavelmente não foi sempre assim, não?
– Então deixe o barco seguir, não puxe a corda, tentando que ele esteja do seu lado ou seja amoroso. Neste momento ele não pode se aproximar de você.
Uma pergunta o pai dele como se posiciona nessa situação? Você tem com quem partilhar sua tristeza e suas dúvidas?
Cuide-se! Procure ajuda psicológica ou aquela que se sinta melhor. É preciso que você tenha assistência já que tem se sentido muito sozinha e angustiada. Com a ajuda você poderá entender as motivações mais profundas que podem ter levado ao afastamento. Quem sabe consiga pouco a pouco preparar-se para uma conversa franca com seu filho em que vocês possam conhecer um pouco do que se passa com cada um.
Às vezes sem que você perceba, demonstra pouca aceitação pela escolha da namorada ou depositou no seu filho tantas expectativas de que ele permanecesse a vida inteira com você. Agora quando ele escolhe fazer sua própria vida, há uma ruptura entre vocês, dificultando a convivência amorosa entre mãe e filho.
É importante o desafio de deixarmos os filhos seguirem e termos que lidar com a nossa solidão.
Filhos devem seguir seus caminhos e a família será sempre um lugar para voltar quando precisar.
Cuide de você, expanda seus interesses, desfoque um pouco dele e dê ao tempo a possibilidade de acalmar, esclarecer e aproximar.