por Joel Rennó Jr.

 “Tenho 29 anos, sou casado e tenho uma filha de dois anos. Frequentemente sinto-me muito irritado com tudo à minha volta. Por um momento estou bem e de repente sinto um aperto no peito junto com ódio e raiva. Minha esposa reclama que não converso com ela sobre situações do dia a dia. Ela diz que sou muito estranho se comparado a outras pessoas, pois sou muito calado e não puxo conversa; diz que reclamo de tudo, que só vejo defeitos e nunca benefícios. Comecei a tomar um medicamento à base de passiflora por conta própria para ver se melhora o ânimo.”

Resposta: A irritabilidade é apenas um sintoma, as pessoas costumam se descrever como sendo de “pavio curto” ou sem paciência.

Geralmente, a causa da irritabilidade não é externa e sim de algo interno que precisa ser analisado cuidadosamente. Sinto que a sua irritabilidade é espontânea, sem um fator específico externo precipitador ou relacionado a questões ambientais ou de relacionamento interpessoal. Sua esposa, por outro lado, observa alguns outros sinais/sintomas em você como isolamento, negativismo, pensamentos negativos, entre outros.

É importante que você procure um médico psiquiatra, em primeiro lugar, para se descartar a possibilidade de algum transtorno mental específico que possa estar sendo responsável pela irritabilidade. Alguns transtornos de ansiedade (ansiedade generalizada) e humor (depressão ou transtorno bipolar do humor) podem cursar, entre outros sintomas, com irritabilidade.

Há tratamentos eficazes para a irritabilidade quando ela faz parte de algum transtorno mental, seja com antidepressivos ou estabilizadores de humor dependendo do tipo de diagnóstico. Pessoas agressivas e impulsivas, com transtornos de personalidade, podem também ter muita irritabilidade e até agredirem a terceiros.

Quando não há uma doença mental específica que cause a irritabilidade, o sintoma pode estar relacionado ao estresse crônico, comum nos dias atuais, devido a vários fatores, em pessoas vulneráveis:

Seis causas do estresse crônico:

1º) Desemprego ou emprego com várias cobranças, baixos salários e pressões;

2º) Problemas de saúde física;

3º) Dificuldades conjugais ou econômicas;

4º) Trânsito das grandes metrópoles e violência urbana;

5º) Excessiva competitividade no ambiente do trabalho, com práticas de assédio moral;

6º) Fluxo de informações exacerbado e incontrolável, com poucas horas de lazer e convívio familiar. O combate ao estresse envolve mudanças comportamentais e até cognitivas (mudança do tipo de pensamento da pessoa perante eventos negativos ou dificultosos da vida), além de atividades de lazer e esportes. Técnicas de meditação, yoga, acupuntura e psicoterapia podem aliviar também o sintoma de irritabilidade quando não há um diagnóstico psiquiátrico realizado por um profissional da área.

Portanto, uma ampla investigação deve ser realizada porque o sintoma de irritabilidade pode ter vários significados diferentes que exigem condutas distintas também.

Atenção!

Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento. Dúvidas e perguntas sobre receitas e dosagens de medicamentos deverão ser feitas diretamente ao seu médico psiquiatra. Evite a automedicação.