por Elisandra Vilella G. Sé
“Doença de Alzheimer não tem cura, mas tem tratamento”
A Doença de Alzheimer (DA) é definida como uma doença neuropsiquiátrica degenerativa, na qual se verifica um comprometimento das funções cognitivas (memória, linguagem, atenção, percepção, orientação espaço-temporal e funções executivas, de planejamento de ações), que envolve o comprometimento cerebral, provocando uma atrofia progressiva no cérebro.
Isso ocorre inicialmente nas regiões do “lobo temporal”, responsável pelo circuito da memória e causa impacto na vida social/ ocupacional do indivíduo.
As causas da doença são tidas como multifatoriais, pois inúmeras doenças podem causar demência. Algumas causas podem ter um “peso” maior: fatores genéticos, processos infecciosos, intoxicações e comprometimentos lesionais no cérebro.
Os sintomas cognitivos iniciam lentamente e aumentam com o passar do tempo. Muitos sintomas não ocorrem no início da doença, mas surgem ao longo de sua evolução e vão aumentando sua gravidade. A doença de Alzheimer constitui o tipo mais comum de demência.
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer descritos na literatura especializada são: idade avançada e história familiar.
A DA é reconhecida como um dos principais quadros demenciais na população idosa, embora não seja uma manifestação do processo de envelhecimento.
A incidência de demência do tipo Alzheimer é de 1% até os 60 anos e depois dobra a cada cinco anos, isto é, 2% até os 65, 4% até os 70, 16% até os 80 e 32% até os 85 anos.
À medida que a idade se eleva, a frequência relativa da doença de Alzheimer torna-se progressivamente maior, embora também possa ocorrer aumento da prevalência de doença cerebrovascular associada.
O que ocorre é que na velhice os sujeitos constituem um grupo etário que pode apresentar maior vulnerabilidade para desenvolver determinadas doenças e as demências, em especial a Doença de Alzheimer (DA), apresentam maior ocorrência e impacto nesse segmento populacional.
É bastante complexo estabelecer o que é típico de um envelhecimento normal e o que é considerado início de uma trajetória das queixas cognitivas do envelhecimento normal para as queixas que constituem sintomas de um envelhecimento patológico. Muitos estudos consideram as primeiras manifestações de perda de memória como sintomas que antecedem até 12 anos um diagnóstico de demência.
O exame neuropatológico, isto é, exame microscópico do cérebro é o único método diagnóstico definitivo para a Doença de Alzheimer (realizado após a morte).
Alterações no cérebro caracterizam-se por atrofias mais proeminentes nas regiões temporais, sobretudo nas áreas corticais associativas (frontal, temporal e parietal). As alterações microscópicas incluem perda neuronal, afetando principalmente as estruturas límbicas do lobo temporal, mais especificamente no hipocampo.
Na DA as perdas de memória acompanham déficits de linguagem e déficits atencionais para determinadas tarefas.
Atualmente, não existe ainda nenhum tratamento para curar a Doença de Alzheimer ou mesmo retardar o início dos sintomas ou a progressão da doença. O que há disponível são tratamentos medicamentosos que reduzem temporariamente os sintomas, mas não alteram o curso da doença.
Existem também os tratamentos não farmacológicos que ajudam a manter as reservas cognitivas do paciente (uso social do conhecimento adquirido ao longo da vida). É muito importante que mantenha sempre a pessoa exposta a estímulos do ambiente, fazer oficinas de memória, artesanato, atividades chamadas sociocognitivas para manter a vida social do paciente, para que a doença não progrida de forma tão rápida.
Doença de Alzheimer não tem cura, mas tem tratamento
Além do tratamento medicamentoso a abordagem não farmacológica irá ajudar muito na manutenção da qualidade de vida da pessoa com DA. Atividades práticas e interativas para exercitar as funções mentais, promovendo o aprendizado por meio de jogos diversos, exercícios específicos para treinamento da memória, atenção, percepção, raciocínio lógico, linguagem, interação social, dinâmicas de grupo, técnicas de reminiscências, autobiografia, revisão de vida são atividades que a pessoa com DA pode fazer para manter suas funções mentais ativas. O importante não é a memória esquecida e sim a vivida.
A demência tem um impacto importante na vida social e na dimensão emocional das famílias e seus cuidadores em toda parte no mundo.
A falta de compreensão e conscientização sobre a doença resulta em recursos insuficientes para lidar da melhor forma possível com a doença. A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência de desenvolvimento, da proteção integral, da educação e também do envelhecimento. É a família que propicia os aportes afetivos, além dos materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes.
O dia 21 de setembro é o dia Mundial de conscientização da Doença de Alzheimer. O objetivo da data é sensibilizar os decisores políticos e o público em geral para essa problemática e transformar a Doença de Alzheimer numa prioridade de Saúde Pública Nacional.